Os grandes monstros da nossa infância

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Mel, lendo você falar da fada do dente, me lembrei de várias criaturas que encantaram a minha infância. Mas há outras, que foram até mais importantes para mim: os monstros que me trazem mais saudade do que medo. Fiz um resumo dos que considero os principais e divido aqui com você:

Homem do saco
Esse realmente me assustava. Acho que os nossos pais inventaram a história para que não saíssemos de casa sozinhos (coisa que no meu caso não adiantou nadica de nada). Em todo caso, toda vez que mencionavam o sujeito, eu imaginava um mendigo barbudão, velhinho e com um saco cheio de criancinhas nas costas. Mas imaginava que o saco era tão grande que dava pra jogar baralho dentro dele, brincar de bola, boneca e outras mil coisas com a galera de dentro.

Bicho-papão
Nunca consegui imaginar essa criatura muito bem, mas, se monstros existem, taí um deles. Também não era de uma hora para outra que ele aparecia. Eu precisava, no mínimo que alguém cantasse sua musiquinha para que eu visualizasse esse primo feioso do Geleca.

Bicho-tutu
Era uma versão ainda mais incógnita do bicho-papão. Poucas pessoas falavam nele. É por isso que acredito que esse devia ser muito, mas muito feio mesmo.

Mula-sem-cabeça
O clássico cavalinho com uma chama que saía do pescoço rondou, e muito, a minha vidinha de criança. Como eu nasci e cresci no interior, sempre tinha uma empregada, que tinha morado em algum sítio, para me contar as artimanhas da mula. E nessa dava para acreditar, porque eu sempre via as marcas de sua pegada nas estradinhas de terra da pacata Assis, a cidade dos três "esses".

O Saci
Que personagem do Monteiro Lobato que nada. O saci era um monstrinho que dava nó nas roupas que adormeciam no varal e chupava o ovo das galinhas, que ficavam piando a noite inteira, tadinhas. Não adiantava meu pai falar que tinha sido a raposa, eu sabia que era o danadinho.

Lobisomem
Pode até ser que alguém tenha uma explicação para o meu medo (que dura até hoje) desse ser maléfico. O lobisomem é um homem bem peludo, com sérias tendências caninas, e que vaga pelas noites de lua cheia. Dizem que é possível matar o bicho com uma bala de prata, mas como sou a favor do desarmamento fico na mesma. Também dizem que, para reconhecer um lobisomem, basta observar as sombrancelhas dos homens: se elas forem unidas (atenção, monocelhas!), há uma grande chance do carinha ser meio cachorro, literalmente.
Pelo sim, pelo não, detesto ouvir aqueles uivos solitários no meio da noite e, quando isso acontece, peço para o meu namorado conferir se as portas estão realmente trancadas.

Carpincho
Vocêm lembram do Grilo Falante? Era assim que eu imaginava ser o Carpincho. Ele não era exatamente um mostro, mas fazia uma coisa monstruosa: contava tudo o que a gente fazia de errado para os nossos pais. Papai é boliviano e me saiu com essa no dia em que comecei a entender que era possível fazer algumas artes sem que ele ficasse sabendo. Esse foi um monstrinho que passou de pai para filha. Depois de um tempo, fiz um trato com o Carpincho: ele não me dedurava e eu falava para o meu irmãozinho não fazer nenhum besteira, senão... um grilinho verde ia me contar tudo!

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