A árvore da felicidade - para Mel

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Estava procurando alguma coisa sobre uma planta, a Árvore da Felicidade, quando me deparei com um texto de autor desconhecido, que a monja budista Coen de Souza, enviou para o jornalista Luiz Caversan há alguns anos.

Na verdade, cada uma das recomendações abaixo são triviais: deveriam fazer parte do nosso dia-a-dia, das nossas ações cotidianas.
Mas não é bem assim.

Por isso, elas todas juntas, nessa árvore bacana, adquirem um sentido todo especial, de vez que promovem uma reflexão cada vez mais necessária a respeito do que deixamos de fazer ao longo de nossas vidas.

Mel, nesse momento lindo da sua vida, aceite estas palavras, que elas vêm sem pretensão nenhuma, como a amizade deve ser.

Mil beijinhos pra vocês e toda a felicidade do mundo, que eu sei que agora você vai ter.

Ri
Perdoa
Relaxa
Pede ajuda
Faz um favor
Delega tarefas
Rompe um hábito
Faz uma caminhada
Expressa o que sentes
Sai para correr
Termina um projeto desejado
Sorri outra vez. Escuta a natureza
Lê um bom livro. Canta na ducha
Pinta um quadro. Sorri ao teu filho
Permite-te brilhar. Olha fotos antigas
Ajuda um idoso. Cumpre as tuas promessas
Escuta um amigo. Aceita um compromisso
Mostra a tua felicidade. Escreve no teu diário
Trata-te como um amigo. Permite-te enganares-te
Faz um álbum familiar. Toma um banho prolongado
Por hoje não te preocupes. Deixa que alguém te ajude
Olha uma flor com atenção. Perde um pouco de tempo
Apaga o televisor e fala. Escuta a tua música preferida
Aprende algo que sempre desejastes
Fala aos teus amigos. Faz uma pequena mudança na vida
Faz uma lista das coisas que fazes bem. Olha a biblioteca
Fecha os teus olhos e imagina as ondas da praia.
Faz alguém sentir-se bem-vindo
Diz às pessoas amadas o quanto lhes queres
Dá um nome a uma estrela
Sabe que não estás só
Planeja uma viagem
Pensa no que tens
Dá-te um presente
Respira profundo
Cultiva o amor

Só por hoje

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Só por hoje eu não quero mais chorar
Só por hoje eu espero conseguir
Aceitar o que passou o que virá
Só por hoje vou me lembrar que sou feliz

Hoje já sei que sou tudo que preciso ser
Não preciso me desculpar e nem te convencer
O mundo é radical
Não sei onde estou indo
Só sei que não estou perdido
Aprendi a viver um dia de cada vez

Só por hoje eu não vou me machucar
Só por hoje eu não quero me esquecer
Que há algumas pouco vinte quatro horas
Quase joguei a minha vida inteira fora

Não, não, não, não
Viver é uma dádiva fatal
No fim das contas ninguém sai vivo daqui, mas
Vamos com calma

Só por hoje eu não quero mais chorar
Só por hoje eu não vou me destruir
Posso até ficar triste se eu quiser
É só por hoje, ao menos isso eu aprendi

(Legião Urbana)

2 anos felizes

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Um dia, passando por uma feira de animais, olhei para dentro de uma casinha e vi um par de olhinhos pretos me encarando. Já estava escurecendo e não consegui identificar de imediato o que era aquela bolinha escura. Até que o marido disse: "É um pug preto". Foi como se estivéssemos no lugar certo, na hora certa, pois sempre quis esse cão, com essa cor. E era uma fêmea!

Bem, Miss Piggy pulou no meu colo e está nele desde então, cada vez mais minha dona. Tem sido a companhia mais querida nesse tempo que não vai deixar saudades, senão por tê-la comigo. Piggy é minha sombra por onde quer que eu ande e já ocupa um espação em minha vida, mesmo com seu tamanho tão pequeno. Espero que esses 2 primeiros anos dela tenham sido muito felizes e cheios de amor.

Coisas que eu gostaria de ter feito

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Um amigo me mandou o seguinte link e agora mesmo parei tudo o que estava fazendo para ajudar a divulgar: www.horselstest.no/english
Aparentemente é um teste de como anda sua audição. A página emite sons variados e você deve identificar de que lado eles vêm.
No meio disso, uma voz de criança começa a falar (fiquei com medo quando isso começou a acontecer). Ela diz olá e começa a contar que está assustada, que os pais brigam e que ela acha que eles não se amam mais. E que não tem com quem falar.
Aí aparece a mensagem da Cruz Vermelha pedindo desculpas pela pegadinha, mas que tem recebido muitas ligações de crianças que não são ouvidas pelos adultos. E que essas ligações têm sido em maior número daquilo que ela consegue atender.
No final aparecem na tela três formas de ajudar. Estou fazendo uma delas.
Valeu, Betinho!

Ana mandou - o pug mais triste do mundo

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O mistério das barrinhas de cereal

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Sou simplesmente apaixonada por uma barrinha de cereal chamada Nature Valley. Na verdade ela é uma barra de granola crocante, e não tem nada a ver com essas que a gente conhece faz tempo e que já enjoaram até a décima geração da família de tão sem gosto que são.
A barrinha em questão é feita de grão inteiros e é muito crocante mesmo, além de ter poucas calorias e vir com duas unidades dentro do pacotinho. Meu sabor preferido é o de aveia e mel e costumo comprar onde quer se seja: da lojinha de conveniência de posto aos hipermercados, passando por farmácias e bancas de jornal.
De tanto consumir o produto, acabei ficando expert. E não adianta tentar me enganar com marcas que se dizem crocantes, porque igual a essa não há. Ou melhor, não havia.
Já tem um tempinho que tenho sentido que elas não estão mais com a mesma textura. Do começo do ano pra cá nunca mais foi a mesma coisa (***MELANCOLIA DETECTED***). Os cereais têm vindo murchinhos e ela nem esfarela mais como antigamente. Tô aqui pensando se é muita umidade ou se os fabricantes, nossos hermanos argentinos, estão de piada com nosotros. Bah.

Os dez erros gramaticais mais comuns podem estar em seu texto. Juntos.

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Gabriel Perissé, em seu excelente texto “Oços do Ofíssio”, lembrou que Monteiro Lobato costumava dizer que a tarefa do revisor é das mais ingratas. Que o erro se esconde durante o processo de confecção do livro para, depois de tudo pronto, aparecer na primeira página aberta, como um saci danado, pulando, debochando do profissional.
Eu penso, e aprendi na prática de anos revisando peças publicitárias, que não podemos ser radicais e que nem todo redator domina com propriedade a gramática da Língua Portuguesa (se fosse assim, digo que teria começado como redatora de uma vez), quiçá outros idiomas, tão presentes na comunicação brasileira, assim como os neologismos, regionalismos e gírias das mais variadas.
Confesso que quando comecei era mais exigente. Mas com o tempo relaxei e aprendi que algumas vezes os erros são propositais e uma tentativa de aproximar-se do público-alvo. Mas que fique claro: essa transgressão da norma, uma “licença-publicitária”, só é aceita quando a peça exige. Todo o resto continua sendo sinônimo de que você fugiu daquela aula de Português e motivo de vergonha mesmo.

Sendo assim, listei aqui os dez erros gramaticais mais comuns que venho encontrando em propaganda, entre publicitários e em mesas de bar. Se por algum acaso do destino você pretende ser redator, recomendo ainda ter em mãos dois bons dicionários (Aurélio e Houaiss, que nem sempre concordam em tudo) e o Manual de Redação do Estadão, além de saber alguma coisa sobre o professor Pasquale e o Sacconi.

1- Pra mim fazer.
Eu poderia explicar que ‘mim’ não pode ser sujeito, mas prefiro dizer que falar assim é imitar os índios de algum filme bobo da Sessão da Tarde. É feia, mas grave a seguinte contração: “preu fazer”. Depois, aos poucos, vá soltando o ‘pra’ do ‘eu’. Pra eu fazer. Pra eu levar. Pra eu (qualquer verbo no infinitivo).

2- Venda à prazo.
Ahhhhh, a crase. Essa palavrinha que não significa um acento, mas sim um encontro. Explico: crase nada mais é que a junção de dois ‘as’. Um é a preposição. O outro é o artigo.
Vou à casa da minha mãe = Vou a (prep.) a (artigo) casa da minha mãe.
Veja no masculino: Vou ao banco = Vou a (prep.) o (artigo) banco.
Por isso não existe crase antes de palavra masculina.

3- Esse senhor, é meu pai!!!
Pontuação não é respiro. Vírgula serve, na maioria dos casos, para separar elementos de uma oração que tenham a mesma função sintática. Por isso, force-se um pouquinho para entender quem é o sujeito, quem é o predicado e não bote entre eles esse sinalzinho gráfico. Também não faça uso de exclamações em excesso, reticências a toda hora e essas coisinhas que a gente adora fazer em conversas de MSN.

4 – Erros de dijitassão e erros de ortogafia.
São muito comuns e pegam até mesmo os mais atentos revisores. Isso acontece porque costumamos a antecipar a leitura das palavras. Uma boa dica para revisores: faça a leitura de sílaba por sílaba e marque com um lápis ou mentalmente as já lidas. Para os redatores, antes de aplicar o texto no layout ou em arte-final, escreva-o no word e use o corretor ortográfico. Seja revisor de si mesmo e peça ajuda sempre.

5 – Wrong traduciones.
Muito cuidado com estrangeirismos e palavras em outros idiomas. Muitas vezes elas não são o que parecem e podem provocar uma saia-justa internacional. Trabalhei em uma agência que traduziu o slogan de uma famosa companhia aérea pro francês, “Vous êtes né pour voler”, sem saber que o verbo ‘voler’ (voar) também significa roubar, em francês. “Você nasceu para roubar” não seria mesmo uma coisa apropriada, e a sorte de todos foi que o revisor era curioso o suficiente para ligar para uma amiga que conhecia o idioma.

6 – Obrigado(a).
Não tem erro: meninos dizem obrigado. Meninas dizem obrigada. E os simpatizantes podem escolher!

7 – Super legal.
O maior problema entre revisores, redatores e diretores de arte. Isso acontece porque o redator cria o título assim, com as palavras separadas. O texto é aprovado e o diretor de arte transforma em imagem vetorizada. O cliente aprova e a arte-final chega para o revisor avisar pela enésima vez que ‘super’ é prefixo e que, portanto, a palavra correta, por mais estranha que possa parecer, é ‘superlegal’. Quanto vocês querem de aposta que ela vai sair errada e separada?

8 – Regência verbal (hãn?).
Nesse momento a gente precisa voltar um pouquinho àquela aula do colégio. Que raio vem a ser isso? Bem simples: é a relação de dependência que um verbo estabelece com seu complemento. Ou em outras palavras: que preposição usar (ou não) com cada verbo.
É um pouco chato, mas lembre-se dos casos mais famosos: :’ir/chegar a’ (e não ‘em’). ‘Assistir ao filme’ (‘assistir o filme’ significa dar assistência).

9 – Eles tem razão.
Verbo também tem plural. ‘Eles têm razão’ e ‘eles vêm aqui’.

10- Vícios de linguagem.
Umas das piores coisas, e que a gente dificilmente achará em gramáticas e dicionários, é saber controlar os próprios erros. Termos como ‘a nível de’ e gerundismos em geral (do tipo ‘vamos estar retornando sua ligação’) são consagrados como exemplos do que não fazer, como não escrever e nunca, em tempo algum, repetir. Como saber disso? Não tem jeito: lendo, lendo, lendo. Leia coisas ruins, leia coisas boas e, sobretudo, saiba encontrar a diferença.

É isso. Espero que não tenha atrapalhado muito. E não revisem esse texto.

Bob

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O pai do Supla não ouviu Blowin' in the Wind.
E eu não consigo tirar Ballad of a Thin Man do meu iTunes.

Espero ouvir "Blowin" in the Wind'

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EDUARDO MATARAZZO SUPLICY
ESPECIAL PARA A FOLHA

Comprei ingresso para ouvir Bob Dylan em sua estréia, no próximo dia 5, no Via Funchal, em São Paulo. São muitas as razões pelas quais o considero um dos maiores poetas da língua inglesa, que, com sua arte, suas palavras e sua música, defende os anseios da humanidade. Ele tem expressado de forma simples objetivos importantíssimos que estão ao alcance de todos nós.
Como Bob Dylan, também nasci em 1941, com apenas 28 dias de diferença. Ele, em 24 de maio em Duluth, no norte de Minnesota, nos EUA. Eu, em 21 de junho, em São Paulo. Em 1962, quando, em questão de minutos, sentado no café The Commons, na Greenwich Village, ele compôs "Blowin" in the Wind", falando dos absurdos da violência e da guerra, eu interrompia meus estudos na FGV para viajar à Europa Ocidental e Oriental, para conhecer o que era capitalismo e socialismo.
Diante da insensatez do Muro de Berlim, assim como ele tão bem disse na sua música, concluí que as transformações devem sempre ser realizadas pela persuasão, pela não-violência, de maneira pacífica e democrática.
A época era da luta pelos direitos civis. Martin Luther King Jr. fora preso em Albany, na Geórgia, no sul dos EUA, quando conclamava seus correligionários a usarem de meios pacíficos. Em setembro, a crise dos mísseis soviéticos em Cuba por pouco não deflagrou uma guerra nuclear. Bob Dylan compôs então "A Hard Rain's A-Gonna Fall", falando da visão assustadora do mundo após um apocalipse nuclear.
Entusiasta de John Steinbeck, autor de "As Vinhas da Ira", de Shakespeare, de James Dean e, muito especialmente, de Woody Guthrie, autor da tão bonita balada "This Land Is Your Land", em 1958 Dylan mudou seu nome de batismo -Robert Allen Zimmerman, em homenagem ao poeta galês Dylan Thomas, que morreu por intoxicação alcoólica em 1953.
Quando morei nos EUA, entre 1966 e 1968, e entre 1970 e 1973, acompanhei de perto as grandes manifestações populares pelos direitos civis e pelo fim da Guerra do Vietnã. A principal música das multidões era "Blowin" in the Wind". O mesmo ocorreu nas grandes manifestações norte-americanas e européias em 2002 e 2003 para que o presidente George W. Bush não utilizasse de meios bélicos no Iraque.
Em 2004, quando proferia palestras na Universidade de Oxford e na London School of Economics sobre renda básica de cidadania, fui assistir ao concerto de Bob Dylan em Londres. Fiquei impressionado com a platéia, composta por três gerações, avós, pais e netos.
Após o show, eu o cumprimentei pelo seu desempenho. Na ocasião, ele não cantou "Blowin" in the Wind", que espero ouvir agora.
Na recente viagem a Bagdá, em janeiro último, observei com tristeza os muros de concreto que impedem a visão da cidade, que já foi considerada uma das mais belas do mundo.
Na semana seguinte, duas mulheres suicidas, com síndrome de Down, explodiram bombas no mercado de Bagdá, matando 73 pessoas. Mais uma vez, pensei com Dylan: "Quantas mortes precisarão ocorrer, até que se perceba Que muitas pessoas já morreram?
A resposta, meu amigo, está sendo soprada pelo vento." "The answer is blowin" in the wind".


I'm not there - a atriz Cate Blanchet vive uma das seis etapas da vida do cantor Bob Dylan em "I'm Not There", filme no qual seis atores diferentes interpretam o lendário cantor americano. O longa, inspirado na poética de Dylan, tem narração não-linear e mostra diversos eventos da vida do músico que o influenciaram em suas composições.