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8 de Março

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Quando você se acostuma com uma determinada situação, é uma merda. Não acho que haja coisa mais triste do que essa complacência com a vida. Acostumar-se é ser passivo demais. Já me disseram que para ser feliz é preciso aceitar as contrariedades. Também já me disseram que a palavra mágica que leva ao caminho do céu é paciência. Então eu exercitei as duas coisas e não fui feliz. Tampouco senti que estaria livre do inferno. Hoje é o Dia Internacional da Mulher e me peguei tendo pensamentos confusos sobre meu papel no mundo. Agora tenho uma filha e queria saber o que dizer a ela sobre o sexo feminino e a felicidade - que no fundo é só o que quero deixar para Helena. Queria dizer que, não importa o dia do mês, as fêmeas sempre serão mais passionais. Quem mais sofre por um par de sapatos? Vamos sempre achar que há algo a ser feito, que dá pé, que vale a pena, que tem mais espaço, que com jeitinho cabe, que nunca é tarde, que ele vai ligar, que as pessoas se importam, que dá tempo, que ainda tem graça, que tudo muda e que podemos fazer. As crenças femininas movem o mundo e qualquer coisa que te obrigue a enjaular a leõa que more dentro de você é censura. Quando você se acostuma com uma determinada situação, é a hora exata de mudar.

História de Natal

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Fui comprar os últimos presentes. A lista era enorme e eu estava sozinha com Helena no shopping, no meio da tarde de um dia quente de verão. Entrei numa loja que aparentemente resolveria 80% dos meus problemas e então ela quis mamar. Deixei as sacolas na loja, saímos, fomos ao fraldário e passamos um bom tempo ali juntas, eu nunca me importei de doar integralmente todos os meus minutos a esses momentos tão bons.

Então fomos comprar o presente do pai da Helena. Entramos em uma loja de gadgets, coisa que ele ama, e logo ela se mostrou interessadíssima pelas coisinhas coloridas e distribuiu sorrisos gratuitos a quem olhasse em nossa direção. A vendedora se dividia em me ajudar e ficar conversando com ela. Resolvido os presentes (porque acabei pegando o restante que faltava), pedi à moça que anotasse os nomes nas sacolinhas, porque a essa altura minha filha estava sentada no balcão do caixa feliz da vida e eu tentando segurá-la. Falei para que ela colocasse na sacolinha preta com um pen drive do Darth Vader a seguinte mensagem: Para o papai Rodrigo. A moça sorridente me disse que esse era o nome do marido dela.

Lá ia eu com as sacolas de novo quando ela se ofereceu para guardar tudo enquanto eu ia até a outra loja pegar os primeiros presentes. Ela me perguntou meu nome, e eu respondi - Ana. Sorridente de novo, ela me disse que esse era seu nome também. Aí ela perguntou o nome da minha filha. Quando respondi, o sorriso virou lágrimas nos olhos. Todas as outras vendedoras ficaram com um nó na garganta e ela me contou que Helena seria o nome do bebê que ela tinha perdido há poucos dias.

Eu disse a ela que ficasse tranquila, que certamente todas essas coincidências não tinham sido à toa. E me peguei pensando que quando soubemos da gravidez de Helena era mesmo para termos um bebê conosco.

Esse foi o final de 2011, o ano mais importante de nossas vidas. Que 2012 seja generoso com Ana também.

A mãe que eu quero ser

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Estava aqui pensando sobre ter filhos e, quando se pensa nisso, vem junto o ideal de mãe que eu quero ser. Acho que toda mulher tem um pouco disso e, independentemente da relação que tenha com sua mãe, quer ser sempre diferente, quer traçar um plano infalível e fazer o mundo melhor, mesmo que isso seja só um dos efeitos colaterais da maternidade e não dê em nada.
Listei algumas das ideias que ando tendo e venho em alguns anos ver se cumpri com minhas promessas - muito provavelmente não, porque no fim a gente acaba mesmo é ficando cada vez mais parecidas com nossas mãe enquanto elas riem de canto pensando consigo mesmas "não falei que isso ia acontecer?".

Então, resumindo, a mãe que eu quero ser:

- Não vai achar que sua história é única e que as histórias dos demais seres viventes (grávidos ou não) acontecerão à sua imagem e semelhança.

- Vai se emocionar com tudo o que o filho faz, mas sem ser muito cafona.

- Vai achar que seu filho é único e especial, mas sem alimentar nele qualquer estrelismo ou superpoder.

- Vai tentar viver sem neuras, frescuras e afetações em todos os setores da vida (exceção permitida para os dias de hormônios alterados).

- Vai ser amiga do seu filho, mas se tocando da idade que tem. E lembrando que os amigos um dia vão tomar seu lugar e isso é ok.

- Vai ser porto seguro e ter sempre uma palavra de consolo ou uma comidinha de mãe, sabendo respeitar o silêncio e a vontade do filho de não falar nada, se assim o quiser.

- Não vai ser mãe de novela, mas terá uma casa aconchegante para quando o filho quiser voltar.

- Vai lembrar que os tempos sempre são outros e nunca melhores ou piores que os seus. Apenas diferentes.

- Não vai envelhecer, mas saberá um dia ser avó.

- Não vai usar, em hipótese alguma as frases "Eu te avisei", "Você vai ver quando for com você", "Um dia você ainda vai me dar razão" porque espera-se que os filhos bem criados saibam disso na hora certa, sem qualquer necessidade de terrorismo ou clichê.

- Vai errar e aprender todo santo dia.

- Vai amar muito, porque todo o resto é bobagem.

Bom, basicamente esta é minha lista. Está sujeita a alterações, porque já tem nove meses que não dependo só de mim para continuar meus planos. Helena já é a coisa mais importante da minha vida.

Preconceito

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Não sei se foi por causa da novela, da Parada Gay ou da Myriam Rios, mas o assunto preconceito/homossexualidade/homofobia tem voltado às manchetes e aos almoços de domingo. O que eu acho ótimo. Conversar é sempre muito bom.
Mas tenho avistado uma espécie nova nesse mundo em que estamos vivendo: aqueles que "não têm preconceito, mas..."
É, é isso aí mesmo. A pessoa se diz supermoderna, que não tem nada contra os gays, mas me bota uma vírgula, um "mas" e complementa a frase com uma afirmação tão preconceituosa quanto. Já estou identificando de longe.
Estou falando isso porque acabei de descobrir um Tumblr sobre o assunto: naotenhopreconceito.tumblr.com
Aposto um pacote de 7 Belo como você já ouviu de alguém muito próximo coisas semelhantes. Ou você até mesmo falou. Sem preconceito, gente. Pode ter pensado também.
Não é pra tacar mais pedra ou lâmpada fluorescente na cabeça de ninguém, mas que legal que tanta discussão tenha chegado até aqui. Porque o verdadeiro preconceito está sempre no fundo, não fica na superfície, onde todo mundo é legal e bonito como em seu perfil do Facebook.
Eu acho que o preconceito (aquele blablablá de que é um conceito prévio: pré + conceito) nasce dos estereótipos. Tipo o clássico "francês fede, americano é idiota e brasileiro é folgado". E é por isso que está errado. Porque isso nasce de uma imagem e não de uma verdade.
Eu mesma quero lidar melhor com o assunto. De fato, não tenho preconceito. E a partir de hoje quero não ter também nenhum tipo de ", mas..."

Quem quer um CD?

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Hoje eu estava no elevador do prédio em que trabalho com dois sujeitos falando entre si sobre os presentes do Dia dos Namorados.
Um deles estava contando que daria um CD. O outro perguntou: "Ué, mas você não baixa música na internet?". E o primeiro: "Ah, é difícil eu entrar no computador quando estou em casa, meus filhos que costumam fazer essas coisas. E eu acho legal dar um CD."
Fiquei pensando um tempo sobre a frieza de dar um CD. Não que a mídia analógica não tenha seu charme, e nem é por culpa da pirataria descarada que hoje é tão acessível a tudo e todos. Mas me lembrei do tempo em que, quando ninguém sabia o que dar de presente para uma pessoa chata do trabalho, a solução era sempre um CD.
Acho que culpar a tecnologia pela transformação do mundo é uma coisa muito demodê. As coisas perdem ou ganham seu espaço pelo que elas representam e pela forma como são ou deixam de ser usadas. E isso vem das pessoas, não das máquinas.
É isso. Eu hoje tô preferindo uma mix tape (que pode ser até no iPod). Fica a dica, rá.

Nota de esclarecimento

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Então é isso. Eu me afastei do blog porque fiquei com medo. Eu andei tão medrosa de gente me desejar mal pelo espaço internético, que, bundona que fui, deixei de lado meu primeiro blog, o que me ensinou a lidar com gente estranha que lê minhas palavras e assina ou não embaixo. Vê se pode. Eu cedi - como tenho feito há uns poucos anos - em função de não ter mais dor de cabeça ou ameaça de mandinga vinda do lado de lá.
Besteirol. Porque quando escrevo sou mais forte e organizo as ideias. E é por isso que vou voltar!
Não tenho mais medo, não.

Planos para 2011

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Plantar uma árvore, escrever um livro e ter um filho.
Duas coisas estão encaminhadas. Já a outra... vai esperar um pouquinho!

Martha Medeiros na Globo

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Quem não leu leia. Quem não viu veja.
Mas ninguém pode passar impune ao texto de Martha Medeiros que a Globo tá exibindo nesse minuto em forma do filme Divã. Muito bom mesmo.
Para lembrar, o melhor pedaço tá aqui.
Feliz ano novo!

As cidades e o mundo

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Cheguei de férias há algumas semanas e de fato elas me fizeram muito bem, como sempre. É muito bom viajar, é ótimo chegar em casa e cuidar das coisas com mais tempo também.
Acho que sair um pouco da rotina e ir a lugares por onde você nunca andou são coisas milagrosas. Quando você viaja, uma das coisas mais bacanas que acontecem é o aguçar dos sentidos. Os olhos ficam prontos e buscam cores diferentes. O cheiro e o sabor das coisas são outros. As texturas, os ruídos.
E acho que voltei um pouco assim para o meu Brasil, bem no auge das eleições para presidente. Sem fazer nenhum tipo de política, eu vi muita coisa legal, muita brincadeira engraçada e gente verdadeiramente envolvida com a coisa. Mas eu vi muita brincadeira preconceituosa, machista, sexista e racista também. Se tem uma coisa que me irrita de verdade é ver brasileiro falando que mal do próprio país, das pessoas aqui. Coloco no mesmo time das pessoas que falam mal dos americanos, dos franceses, dos italianos. Não existe um povo ruim. Existem pessoas e existem diferenças. Chatos de verdade são aqueles que não querem conviver com isso. Para essas pessoas, recomendo ir morar no Polo Norte, num iglu, nunca mais comer macarronada, nem usar perfume francês ou ouvir músicas americanas.



Souvenir de Buenos Aires para meus leitores. Fotinho tirada por mim.

A letra A

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"O que os outros pensam da sua vida não é da sua conta". É com essa afirmação, tirada de uma bem-humorada lista de conselhos para a vida, que começo o post que vai tirar o pó do Diário.
Quando eu sumo daqui, geralmente isso significa que a minha vida está uma correria. E geralmente porque a correria me impede de pensar. Acontece isso com você também? De ter tanta, mas tanta coisa para fazer que deixa passar batido um bom livro, um bom filme. Ou horas de reflexão (vai, minutos que sejam) porque a vida urge lá fora e as pessoas estão sempre esperando por você.
Claro que em outros momentos vem a vontade de não pensar. De ler Caras descaradamente no salão de beleza. Dar mais importância para o site Ego do que para as eleições, porque sua cabecinha já fez muitos planos para salvar o mundo ou você ainda está se recuperando do maior baque da sua vida e só quer saber de não pensar.
Bom, mas passadas as opções 1 e 2 aí de cima, eu declaro ao mundo que voltei ao normal. Meu plexo solar está em equilíbrio e recomecei a respirar antes de sair chutando mais que Van Damme em dia de tocaia. E com isso veio a vontade de ler e assistir a bons filmes. E a pensar sobre eles.
Juliet Nua e Crua está no criado-mudo esperando acabar Doidas e Santas. E o ótimo El Secreto de tus Ojos, filme argentino vencedor do Oscar de melhor filme estrangeiro de 2010, me trouxe até aqui.
Atenção, os próximos parágrafos contêm spoilers (e essa afirmação contém ironia).
Benjamin, vivido pelo ótimo Ricardo Darín, é um oficial de justiça aposentado que decide escrever um romance sobre um caso que investigou em 1974. Trata-se do assassinato de uma jovem e da incansável busca pelo assassino, localizado por um olhar em uma antiga fotografia. Quando Benjamin decide colocar a história no papel, reencontra Irene, sua ex-chefe e companheira de trabalho. E ela lhe dá uma antiga máquina de escrever, que não grafa a letra A no papel.
É sobre isso que eu quero falar aqui e, se você ainda não viu o filme, saia da internet, procure-o imediatamente e todos ganharemos com isso. Benjamim e Irene têm uma história de amor bem mal resolvida. Daquelas de dar raiva e de a gente ficar se perguntando o tempo todo por que ninguém fez nada ali. Por que ele nunca disse que a amava? Por que ela se casou? Por que ele foi embora? Por que ela deixou? Todos os elementos de uma grande vida a dois estavam ali e eles nunca fizeram nada por ela.
Mas é aí que eu entro com o meu pensamento e alguma experiência no setor que a vida me trouxe. O amor que a gente busca é danado da vida. Quer garantias. E isso represa um monte de sentimentos que poderiam ser vividos e não são. Mas, ao mesmo tempo, um certo medo e cuidado, com uma coisa que sabe-se ser especial, torna tudo menos banal. Por medo a história não é vivida, mas é preservada.
Eu já vi isso acontecer. Acho que quando a gente é adolescente e faz qualquer negócio porque tá a fim de um carinha, na verdade está vivendo mais para o drama do que por uma pessoa real. Ao contrário, quando a gente ganha alguma maturidade, tem medo de perder alguém que se ama muito, e o preço disso é deixar passar, até que um dia a coragem chegue ou então que tudo vire filme, música, um post no blog.
Quando eu estava no colegial, dois amigos meus eram também muito amigos entre eles. Um menino e uma menina que gostavam de fazer tudo juntos. Um dia ele se declarou para ela. Acabou. Nem amigos eles conseguiram ser mais. Foi muito triste. Comigo já aconteceu o contrário, que atire a primeira pedra quem nunca teve medo dos seus próprios sentimentos.
Voltando a falar da velha máquina de escrever e contando aqui o final do filme, em uma madrugada Benjamin acorda e escreve em um papel em branco o que a gente julga ser seu sentimento mais forte em relação a Irene:

TEMO.

Mas lembrem-se: a velha Olivetti não grafava a letra A.

Praça dos Cachorros

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Taí um lugar que eu adoro frequentar. Essa praça fica na frente da entrada principal do Parque Villa-Lobos, na zona oeste de São Paulo.
É perto da minha casa e Miss Piggy adora. Não sei se tem um horário de funcionamento estabelecido, mas no fim de semana os donos de cães (sempre muito bem comportados) levam seus bichos, de todas as raças, tamanhos e credos para ficarem soltos e interagindo por lá.
Como é um local cercado, o único perigo são os pequenos portões nas laterais, que costumam atrair labradores curiosos com a rua. Isso aconteceu no último sábado, mas todo mundo conseguiu trazer a bela fêmea para dentro de novo. Um susto. Para minha sorte, a corridinha gorda da Piggy no máximo me faz passar duas ou três vergonhas quando ela cisma com algum desafeto.
Nesse sábado estávamos lá, perdidos entre as brincadeiras e "malinducações" dela, quando um casal de meia-idade para mais passou pela gente, como sempre para falar sobre a raça e a cor da Piggy. A mulher contou que eles tinham uma sharpei, que tem a mesma origem dos pugs, chinesa. E que ela tinha morrido havia três ou quatro meses, não me lembro ao certo. O marido disse que eles costumam ir ao parque para matar a saudade da companheira de 12 longos anos. Ficamos sem palavras naquela hora. Mas agora confirmo meu pensamento de que as pessoas que gostam de animais são melhores seres humanos.


Seja um ser humano melhor. Vá à Praça dos Cachorros.

Love, love, love

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Sobre o tempo

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O terremoto do Chile pode ter encurtado o dia em cerca de 1,26 microssegundos (um microssegundo equivale a um milionésimo de segundo). Prefiro não entender a fórmula que os cientistas usaram para fazer esse cálculo, porque, sendo bem sincera, eu desistiria da explicação num tempo aproximado a esse.
Na verdade um outro terremoto, o da Indonésia, teria encurtado o período de cada dia em 6,8 microssegundos e alterado o eixo da Terra em 2,32 miliarcsegundos (cerca de 7 centímetros, ou 2,76 polegadas).

Coisa pouca, mas que daqui a alguns anos pode fazer diferença. Pra ser bem sincera, já tô sentindo falta de qualquer coisa que seja relativa ao tempo. Foda-se o nome ou os números disso, mas a correria que anda minha vida tá digna de simplesmente não conseguir mais falar ao telefone, que era uma coisa que eu adorava. Sim, porque ou atendo o telefone ou almoço. Como dieta está fora de cogitação no momento (sim, tô proibida disso), tenho desenvolvido a estranha capacidade de mastigar enquanto leio e-mails, mando um texto que estava atrasado e fico sabendo como andam as coisas na família.

Também virei ninja na arte de conversar por chat. Juro, tem dia que são tantas janelinhas e abas piscando pra mim que fico imaginando como deve ser a vida de alguém mais interessante.
Mas não reclamo, não. Eu adoro conversar. Gosto de colocar no papel, no computador ou mesmo de jogar ao vento as coisas que penso e despenso a todo momento.

E é por isso que estou simplesmente envolvida em pelo menos cinco novos projetos (sempre quis falar isso, acho 'lusho'). É que é muito cedo para aprender a dizer não.

Os verbos e eu

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Cansei dos verbos imperativos. É sério.
O modo imperativo dos verbos é aquele que exprime ideias de ordem: Faça, seja, não faça, não seja. Imperar, mandar, ordenar. Que coisa mais ditadora com a vida da gente!
Acredito que todo mundo escute ao menos uma dezena de verbos imperativos todos os dias. E desde sempre.
Quando a gente ainda nem entende a força da palavra, por exemplo. A mãe bota o bebê no colo e já lasca um "nana, nenê". Assim, mandando mesmo. Caracoles, e se o cara não tá a fim de fazer naninha? Sabe? Pode estar a fim de ver um desenho na TV, ou de ficar viajando no móbile que fica acima berço.
Mas ok, alguém disse que temos que ter limites, horários, regras.
Daí vamos crescendo e os imperativos imperam de vez: "leve o casaco", "faça a lição", "chegue no horário", "não beba"!
Não sou uma pessoa que sempre fez tudo o que deu na telha, e acredito que um pouco de ordem é fundamental para não despirocar de vez. Mas a gente passa a vida inteira sendo mandado para chegar um dia e ter a liberdade de não fazer o que sempre quisemos! Porque os imperativos não deixam. Ecoam fundo em nossas almas, acorrentadas para sempre às terminações implacáveis desses verbos.
Dá-se o nome de modo às várias formas assumidas pelo verbo na expressão de um fato. Em português, existem três: indicativo (certeza, realidade), subjuntivo (possibilidade) e o imperativo.
Preciso confessar que, hoje, o que me comanda e o que me dá certezas é saber que a vida é feita de dúvidas mil e possibilidades infinitas.
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Inferno astral

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Hoje acordei ensolarada, a despeito da chuva que caía lá fora. Acho que um reflexo inusitado dos últimos acontecimentos que marcaram o comecinho desse período tenebroso chamado inferno astral.
O mais engraçado de tudo é que teve perrengue pra caramba. Claro, num ano medonho como 2009 se apresentou, não podia ser diferente. E a reclamação é geral. Com a tal da crise econômica, quantas outras crises não se instauraram dentro de nós?
Mas ao mesmo tempo, e o que tem verdadeiramente me deixado feliz, é fato de saber lidar com probleminhas e problemões.
Eu sempre fui uma pessoa exagerada. Chorona. Mas hoje uma ternura imensa me invade e não tenho mais vontade de gritar nem "debuiar" aos prantos quando uma coisa ruim me acontece. Dizem que é a tal maturidade. Hoje eu olho por todos os lados, paro, penso e fico procurando soluções que eu sei que existem. Sim, porque esta é uma verdade: existe sempre um jeito.
E no fim das contas não conheço ninguém que não tenha pessoas maravilhosas à sua volta. Eu tenho.

Miss Simpatia

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Não sei se todo mundo que lê este blog me conhece pessoalmente. Mas sei que algumas pessoas que me conhecem passam de vez em quando por aqui.
E essas sabem que de vez em quando eu tenho um talento nato para ser a boazinha da turma. Sim, até meu nome é usado no diminutivo. Tudo bem que sou pequena, mas tenho certeza que não é só por isso. Eu realmente gosto do ser humano. Gosto de pessoas, gosto de conversar, e meu coração é um músculo imbecil o suficiente para se contorcer de pena de gente que nem sempre merece. Tá, só de escrever isso já me senti culpada o suficiente. Eu sou daquelas pessoas que sentem pena do bombom Caribe, abandonado da caixa porque ninguém gosta tanto assim dele. Eu choro de ver cachorro na rua e passo mal pela fome no mundo. Droga. Eu choro escrevendo no meu blog.
Mas o que se passa é que depois da famosa virada nos 30 anos de idade, quando senti que uma chave virou dentro de mim, tenho ficado perdida entre minha imagem e o que realmente sou.
É engraçado, eu não me sinto uma mulher de 30 anos que mora sozinha na cidade grande e com contas para pagar. Mas faço tudo isso.
Às vezes xingando, claro. Mas na maioria das vezes agradecendo por ter tomado - sempre - o caminho mais difícil.
Talvez eu seja a ovelha negra da família. Larguei o conforto de um lar estruturado para me jogar nas coisas em que acredito. Talvez alguém tenha orgulho de mim ("olha, ela é independente e antenada, tem um blog, tá no Twitter"). Talvez nem pensem que eu penso em tudo isso. Mas aos poucos também tenho procurado pensar menos e viver mais.
Bom, e tudo isso para dizer que fiquei muito tempo pensando nessa coisa de ser legal com todo mundo, a Miss Simpatia personificada mesmo. Sabe, a gente gasta muito latim com gente que nem percebe a nossa existência. Eu, por exemplo, tô aqui escrevendo no meu blog e sequer falei para a minha mãe hoje o quanto eu a amo. Não liguei para meu pai nem para meus irmãos no fim de semana. Mas respondi e-mails de pessoas que nunca vi.
Fico pensando em como vai ser quando eu estiver do outro lado. Aquele lado em que você sente que tudo parece mais importante e urgente do que o que realmente importa.

Good times, Lelê

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Para Clara

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Quelqu'un m'a dit - Carla Bruni with lyrics

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Quelqu'un m'a dit
Carla Bruni

On me dit que nos vies ne valent pas grand chose,
Elles passent en un instant comme fanent les roses.
On me dit que le temps qui glisse est un salaud
Que de nos chagrins il s'en fait des manteaux

Refrain:
Pourtant quelqu'un m'a dit
Que tu m'aimais encore,
C'est quelqu'un qui m'a dit que tu m'aimais encore.
Serais ce possible alors ?

On dit que le destin se moque bien de nous
Qu'il ne nous donne rien et qu'il nous promet tout
Parait qu'le bonheur est à portée de main,
Alors on tend la main et on se retrouve fou

Au refrain

Mais qui est ce qui m'a dit que toujours tu m'aimais?
Je ne me souviens plus c'était tard dans la nuit,
J'entend encore la voix, mais je ne vois plus les traits
"il vous aime, c'est secret, lui dites pas que j'vous l'ai dit"

Tu vois quelqu'un m'a dit
Que tu m'aimais encore, me l'a t'on vraiment dit...
Que tu m'aimais encore, serais ce possible alors ?

On me dit que nos vies ne valent pas grand chose,
Elles passent en un instant comme fanent les roses
On me dit que le temps qui glisse est un salaud
Que de nos tristesses il s'en fait des manteaux,

Au refrain