Esses são os nomes que o casal mais famoso da música da Legião Urbana tem no Facebook. Tudo isso faz parte de uma campanha da Vivo para o Dia dos Namorados e criada aqui na agência.
Já sei, já sei... estou esperando as críticas advindas dos sites especializados em música, em Legião, em Renato Russo, em publicidade. Vão falar coisas. Vão elogiar politicamente, e depois descer a lenha. Mas, ó, quer saber? Não vão me fazer esquecer de uma das manhãs mais legais que passei no trabalho, quando, ainda meio incrédula, vi pela primeira vez com os olhos os personagens que há 25 anos povoam meu coração.
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Melhor do dia
Eu tenho preguiça da língua portuguesa calcada em regras mais velhas que a minha avó. E tenho mais preguiça ainda de justificar as escolhas das palavras na minha profissão. Resumindo, publicidade é linguagem coloquial sem chutar o balde. Na maioria das vezes a gente tenta colocar a regra clássica, mas tem que ver se ela dialoga com o público. Como o professor Pasquale me disse uma vez: você pode transgredir a norma, desde que seja com propósito.
Não foi o caso de uma peça que liberamos aqui que tinha a palavra melhor antes de um particípio.
Lembrando: melhor pode ser adjetivo ou advérbio:
Adjetivo
1) que, por sua qualidade, caráter, valor, importância, é superior ao que lhe é comparado.
2) que possui o máximo de qualidades necessárias para satisfazer certos critérios de apreciação.
Advérbio
3) mais bem
4) de maneira mais perfeita
5) mais acertadamente
6) com mais exatidão
7) com mais consideração
8) fazendo com mais vista
9) aquilo que é superior
10) aquilo que é adequado
Aí, uma pessoa no Twitter vem falar que não existe empresa "melhor administrada". Pior, a pessoa pede pro dono da agência contratar um revisor.
oO
Segundo o Dicionário de Dificuldades da Língua Portuguesa, do professor Domingos Paschoal Cegalla, à página 256, “antes de particípio, pode se empregar mais bem ou melhor, indiferentemente”:
Ele está mais bem informado / Ele está melhor informado
Eram casas mais bem construídas / Eram casas melhor construídas
A forma clássica, original, é a não contraída: o time mais bem colocado, as questões mais bem aceitas, a frase mais bem elaborada, os políticos mais bem instruídos. No entanto, pelo fato de mais bem ser sintetizado para melhor, a expressão se transformou com o tempo, e hoje se admite o uso de "melhor" em construções como estas:
O time que for melhor colocado terá privilégios.
Parece que agora os papéis estão melhor distribuídos em termos sociais.
Quando a pessoa tuitou sua mensagem, poderia estar com a melhor das intenções. Ou mais bem intencionada. Ou melhor intencionada, que o texto é meu e eu coloco como quiser. O fato é que não se chama de erro de português algo que gramáticos de peso já aceitam. A reforma ortográfica está aí para provar que os tempos são outros, minha gente!
Não foi o caso de uma peça que liberamos aqui que tinha a palavra melhor antes de um particípio.
Lembrando: melhor pode ser adjetivo ou advérbio:
Adjetivo
1) que, por sua qualidade, caráter, valor, importância, é superior ao que lhe é comparado.
2) que possui o máximo de qualidades necessárias para satisfazer certos critérios de apreciação.
Advérbio
3) mais bem
4) de maneira mais perfeita
5) mais acertadamente
6) com mais exatidão
7) com mais consideração
8) fazendo com mais vista
9) aquilo que é superior
10) aquilo que é adequado
Aí, uma pessoa no Twitter vem falar que não existe empresa "melhor administrada". Pior, a pessoa pede pro dono da agência contratar um revisor.
oO
Segundo o Dicionário de Dificuldades da Língua Portuguesa, do professor Domingos Paschoal Cegalla, à página 256, “antes de particípio, pode se empregar mais bem ou melhor, indiferentemente”:
Ele está mais bem informado / Ele está melhor informado
Eram casas mais bem construídas / Eram casas melhor construídas
A forma clássica, original, é a não contraída: o time mais bem colocado, as questões mais bem aceitas, a frase mais bem elaborada, os políticos mais bem instruídos. No entanto, pelo fato de mais bem ser sintetizado para melhor, a expressão se transformou com o tempo, e hoje se admite o uso de "melhor" em construções como estas:
O time que for melhor colocado terá privilégios.
Parece que agora os papéis estão melhor distribuídos em termos sociais.
Quando a pessoa tuitou sua mensagem, poderia estar com a melhor das intenções. Ou mais bem intencionada. Ou melhor intencionada, que o texto é meu e eu coloco como quiser. O fato é que não se chama de erro de português algo que gramáticos de peso já aceitam. A reforma ortográfica está aí para provar que os tempos são outros, minha gente!
Preguiça
Eu preciso falar que estou gostando muito de trabalhar na agência do Nizan. E quero dizer isso porque talvez eu não tenha mais o distanciamento necessário para poder discutir coisas sobre ele ou sobre as agências do grupo, que dizem por aí. Bom, mas também não sei se o faria, porque não faz muito meu tipo ser crítica, ainda mais de propaganda.
Tava hoje no Uol uma chamada dizendo que Nizan "ataca" Salvador. Se quiser, leia aqui.
Eu acho que as pessoas estão ficando muito chatas com essa mania de ser politicamente corretas. Qualquer hora um vai preso por fazer piada de português no elevador. Há que rir mais do mundo e de si mesmo e parar de enxergar todo comentário como ofensa. Principalmente os ditos no Twitter. Que preguiça disso...
PREGUIÇA BAIANA
Nizan Guanaes
Não gosto quando se referem à baianidade com o estereótipo da preguiça. Da falta de sofisticação.
Pierre Verger fotografou a Bahia, e os corpos que ele retratou são peitos, troncos e bundas enrijecidas pela história e pela vida dura.
São homens açoitados pela escravidão. A Bahia é graça, prazer, leveza, mas ela é também luta. O Brasil ficou independente com um grito em 1822. A Bahia teve que lutar, morrer e vencer para expulsar de vez os portugueses em 2 de julho de 1823.
Castro Alves, o maior poeta brasileiro, morreu aos 24 anos, deixando uma obra imensa. Ou seja, trabalhou muito para deixar tanto em um tempo tão curto de sua existência.
Todos os anos o povo da Bahia anda 12 quilômetros com potes de água na cabeça para lavar as escadarias de nosso pai, Oxalá.
No Carnaval baiano, enquanto milhões se divertem, milhares trabalham dia e noite cantando, tocando, vendendo, para que o nosso povo e gente de todo o mundo possam se divertir.
Além disso, quem construiu todas aquelas igrejas, aqueles fortes, monumentos? Nós. Quem colocou cada pedra no Pelourinho? Nós. Quem foi açoitado no tronco que deu ao Pelourinho seu nome? Nós. Quem escreveu músicas, filmes, encenou, pintou, esculpiu parte significativa da produção artística deste país?
Ano após ano, década após década? Nós, os baianos.
Joana Angélica, Maria Quitéria são ruas no Rio de Janeiro, mas na Bahia são sofrimento, luta e heroísmo.
A Bahia é luta, mas ela compreende que a vida não é só isso. E não é. E é por isso que essa tal Baianidade atrai em todas as férias e feriados estressados de todo o mundo.
Na costa da Bahia, o melhor conjunto de resorts do Brasil foi construído para que você possa experimentar o melhor da vida, e a gente trabalha enquanto você descansa.
O reitor Edgard Santos, baiano de boa cepa, fez uma das significativas obras de produção acadêmica e cultural, com contundente dedicação.
Lamento que a Bahia seja tão amada, tão exaltada e tão pouco compreendida.
Todos aqueles coqueiros e boa parte das frutas e especiarias que a Bahia tem não nasceram ali: vieram de outras índias e foram plantados pelas mãos calejadas do povo da Bahia.
Mas o mundo é de percepção. E, lamentavelmente, as novas gerações, por incompetência nossa, herdaram a parte mais vulgar, mais inculta, mais básica e folclórica desta baianidade.
Cabe a nós, os velhos, passarmos pela tradição oral, que é de fato Baianidade.
E lembrar a quem dança na Bahia que, enquanto ele dança, alguém toca. Que enquanto ele reza, alguém constrói igrejas.
Ou seja, na Bahia o trabalho é voltado para o lazer e encantamento do mundo.
E toda vez que você chegar estressado e branco e sair moreno e feliz, chegar descrente e sair otimista e apaixonado, nosso trabalho, nosso papel no mundo estará sendo cumprido.
Baianidade é enfrentar a dura vida de uma maneira que ela pareça menos dura e mais vida.
E para que exerçamos a plena Baianidade, é preciso que entendamos plenamente do que é que somos orgulhosos.
Sou orgulhoso da Bahia mãe de Menininha, Cleusa, Carmem, Stella, do grande Obarain e de Padre Sadock, Padre Luna e Irmã Dulce.
Sou orgulhoso da Bahia de Ruy Barbosa, Glauber, - estilos diversos da mesma paixão baiana que nasceu no 2 de julho.
Sou orgulhoso de Gil, Caetano, Bethânia, Gal, de Jorge, meu amigo amado.
Sou orgulhoso de Caribé, Verger, que não nasceram na Bahia, mas a Bahia nasceu deles.
Sou, enfim, orgulhoso dos filhos da Bahia. E por isso sou tão orgulhoso do Brasil.
O Brasil é o maior filho da Bahia. Ele nasceu lá no dia 22 de Abril de 1500 e é por isso que os brasileiros ficam tão felizes quando vão à Bahia. Porque eles estão, na realidade, visitando os parentes, revendo suas raízes.
Baianidade é enfim o DNA do Brasil, é o genoma do país.
Quando o Brasil vai à Bahia, ele volta para casa.
Tava hoje no Uol uma chamada dizendo que Nizan "ataca" Salvador. Se quiser, leia aqui.
Eu acho que as pessoas estão ficando muito chatas com essa mania de ser politicamente corretas. Qualquer hora um vai preso por fazer piada de português no elevador. Há que rir mais do mundo e de si mesmo e parar de enxergar todo comentário como ofensa. Principalmente os ditos no Twitter. Que preguiça disso...
PREGUIÇA BAIANA
Nizan Guanaes
Não gosto quando se referem à baianidade com o estereótipo da preguiça. Da falta de sofisticação.
Pierre Verger fotografou a Bahia, e os corpos que ele retratou são peitos, troncos e bundas enrijecidas pela história e pela vida dura.
São homens açoitados pela escravidão. A Bahia é graça, prazer, leveza, mas ela é também luta. O Brasil ficou independente com um grito em 1822. A Bahia teve que lutar, morrer e vencer para expulsar de vez os portugueses em 2 de julho de 1823.
Castro Alves, o maior poeta brasileiro, morreu aos 24 anos, deixando uma obra imensa. Ou seja, trabalhou muito para deixar tanto em um tempo tão curto de sua existência.
Todos os anos o povo da Bahia anda 12 quilômetros com potes de água na cabeça para lavar as escadarias de nosso pai, Oxalá.
No Carnaval baiano, enquanto milhões se divertem, milhares trabalham dia e noite cantando, tocando, vendendo, para que o nosso povo e gente de todo o mundo possam se divertir.
Além disso, quem construiu todas aquelas igrejas, aqueles fortes, monumentos? Nós. Quem colocou cada pedra no Pelourinho? Nós. Quem foi açoitado no tronco que deu ao Pelourinho seu nome? Nós. Quem escreveu músicas, filmes, encenou, pintou, esculpiu parte significativa da produção artística deste país?
Ano após ano, década após década? Nós, os baianos.
Joana Angélica, Maria Quitéria são ruas no Rio de Janeiro, mas na Bahia são sofrimento, luta e heroísmo.
A Bahia é luta, mas ela compreende que a vida não é só isso. E não é. E é por isso que essa tal Baianidade atrai em todas as férias e feriados estressados de todo o mundo.
Na costa da Bahia, o melhor conjunto de resorts do Brasil foi construído para que você possa experimentar o melhor da vida, e a gente trabalha enquanto você descansa.
O reitor Edgard Santos, baiano de boa cepa, fez uma das significativas obras de produção acadêmica e cultural, com contundente dedicação.
Lamento que a Bahia seja tão amada, tão exaltada e tão pouco compreendida.
Todos aqueles coqueiros e boa parte das frutas e especiarias que a Bahia tem não nasceram ali: vieram de outras índias e foram plantados pelas mãos calejadas do povo da Bahia.
Mas o mundo é de percepção. E, lamentavelmente, as novas gerações, por incompetência nossa, herdaram a parte mais vulgar, mais inculta, mais básica e folclórica desta baianidade.
Cabe a nós, os velhos, passarmos pela tradição oral, que é de fato Baianidade.
E lembrar a quem dança na Bahia que, enquanto ele dança, alguém toca. Que enquanto ele reza, alguém constrói igrejas.
Ou seja, na Bahia o trabalho é voltado para o lazer e encantamento do mundo.
E toda vez que você chegar estressado e branco e sair moreno e feliz, chegar descrente e sair otimista e apaixonado, nosso trabalho, nosso papel no mundo estará sendo cumprido.
Baianidade é enfrentar a dura vida de uma maneira que ela pareça menos dura e mais vida.
E para que exerçamos a plena Baianidade, é preciso que entendamos plenamente do que é que somos orgulhosos.
Sou orgulhoso da Bahia mãe de Menininha, Cleusa, Carmem, Stella, do grande Obarain e de Padre Sadock, Padre Luna e Irmã Dulce.
Sou orgulhoso da Bahia de Ruy Barbosa, Glauber, - estilos diversos da mesma paixão baiana que nasceu no 2 de julho.
Sou orgulhoso de Gil, Caetano, Bethânia, Gal, de Jorge, meu amigo amado.
Sou orgulhoso de Caribé, Verger, que não nasceram na Bahia, mas a Bahia nasceu deles.
Sou, enfim, orgulhoso dos filhos da Bahia. E por isso sou tão orgulhoso do Brasil.
O Brasil é o maior filho da Bahia. Ele nasceu lá no dia 22 de Abril de 1500 e é por isso que os brasileiros ficam tão felizes quando vão à Bahia. Porque eles estão, na realidade, visitando os parentes, revendo suas raízes.
Baianidade é enfim o DNA do Brasil, é o genoma do país.
Quando o Brasil vai à Bahia, ele volta para casa.
Quem revisa amigo é
Não sei se todo mundo que chega aqui ao Diário sabe que ele é escrito por duas amigas que, depois disso, são revisoras de texto em agência de propaganda.
Eu e a Sam (ou Tequila e Mel) nos conhecemos nos nossos primeiros empregos aqui de São Paulo. Sim, porque, além das milhares de coincidências que fazem com que as pessoas nos perguntem todo santo dia se somos irmãs, também somos criaturas vindas do interior e incapazes de pronunciar frases como "carne morta atrás da porta" sem entregar nossas origens.
Tudo começou na Energia, Young & Rubicam, um braço da Y&R que fazia o cocô do cavalo do bandido da publicidade. Passávamos noites revisando preço de azulejo e massa corrida. Mas era muito bom, tenho que confessar. Por vezes eu me peguei pensando que era isso que eu queria fazer da minha vida. E assim começou essa trajetória, há exatos 10 anos. Depois que a Sam saiu da Energia, fui trabalhar na Young & Rubicam mesmo, dentro da criação. Com a ajuda da Rita Corradi, VP da época, comecei a pegar alguns jobs como redatora também. Mas logo pintou uma vaga legal na Lowe, e então foi minha vez de mudar. Quem trabalhou na Lowe sabe: nunca houve uma agência como aquela. A verdadeira casa da mãe Joana era ali. E a gente trabalhava muuuuuito, mas ria muuuuuito também. Virávamos noite liberando anúncios de Renault, mas a fuleiragem era tanta, que acabava virando balada. Fiz ótimos amigos ali, que vou carregar para sempre no coração.
Bom, anos depois, se a Sam, a essa altura do campeonato, voltava para a Young, em São Caetano do Sul, tinha que acontecer comigo também. Fui chamada de volta para a sede de São Paulo, dessa vez comandada por Roberto Justus. Acho que essa Young foi o maior desafio da minha vida. Digo que quando completei 30 anos uma chave virou dentro de mim e tudo mudou. Enquanto me redescobria e alguns setores pessoais ruíam de vez, trabalhava feito louca e chegava chorando em casa. Definitivamente, eu odiei esse tempo. Não foi legal, mas hoje sei que não tinha a ver com o trabalho. Era eu mesmo.
Então mudei tudo. Mudei de casa. Mudei de corpo, mudei de trabalho. Virei redatora em uma agência menor. E por isso mesmo nunca deixei de revisar. Foram dois anos criando. Bem bacana, aprendi muito mesmo. Mas aprendi, inclusive, que redatora eu nasci. E que de vez em quando faz bem seguir seus instintos. Foi quando, numa tarde de maio, recebi duas propostas para voltar para a revisão. Duas. Seguidas. E então aceitei a da Africa, que é onde estou hoje. Ah, e dois meses depois o que aconteceu? Chamei a Sam para trabalhar aqui. Recomeçar qualquer coisa é sempre um ano-novo dentro de cada um de nós.
Bom, tudo isso foi mesmo para explicar como chegamos aqui. É que muita gente não conhece bem o trabalho de revisão em agência de propaganda e por isso vale a pena deixar algumas dicas.
E, para encerrar o post, nada como um exemplo ilustrado de onde o erro engana o olho até dos mais atentos revisores (em tempo: não fomos nós, ufa).
Eu e a Sam (ou Tequila e Mel) nos conhecemos nos nossos primeiros empregos aqui de São Paulo. Sim, porque, além das milhares de coincidências que fazem com que as pessoas nos perguntem todo santo dia se somos irmãs, também somos criaturas vindas do interior e incapazes de pronunciar frases como "carne morta atrás da porta" sem entregar nossas origens.
Tudo começou na Energia, Young & Rubicam, um braço da Y&R que fazia o cocô do cavalo do bandido da publicidade. Passávamos noites revisando preço de azulejo e massa corrida. Mas era muito bom, tenho que confessar. Por vezes eu me peguei pensando que era isso que eu queria fazer da minha vida. E assim começou essa trajetória, há exatos 10 anos. Depois que a Sam saiu da Energia, fui trabalhar na Young & Rubicam mesmo, dentro da criação. Com a ajuda da Rita Corradi, VP da época, comecei a pegar alguns jobs como redatora também. Mas logo pintou uma vaga legal na Lowe, e então foi minha vez de mudar. Quem trabalhou na Lowe sabe: nunca houve uma agência como aquela. A verdadeira casa da mãe Joana era ali. E a gente trabalhava muuuuuito, mas ria muuuuuito também. Virávamos noite liberando anúncios de Renault, mas a fuleiragem era tanta, que acabava virando balada. Fiz ótimos amigos ali, que vou carregar para sempre no coração.
Bom, anos depois, se a Sam, a essa altura do campeonato, voltava para a Young, em São Caetano do Sul, tinha que acontecer comigo também. Fui chamada de volta para a sede de São Paulo, dessa vez comandada por Roberto Justus. Acho que essa Young foi o maior desafio da minha vida. Digo que quando completei 30 anos uma chave virou dentro de mim e tudo mudou. Enquanto me redescobria e alguns setores pessoais ruíam de vez, trabalhava feito louca e chegava chorando em casa. Definitivamente, eu odiei esse tempo. Não foi legal, mas hoje sei que não tinha a ver com o trabalho. Era eu mesmo.
Então mudei tudo. Mudei de casa. Mudei de corpo, mudei de trabalho. Virei redatora em uma agência menor. E por isso mesmo nunca deixei de revisar. Foram dois anos criando. Bem bacana, aprendi muito mesmo. Mas aprendi, inclusive, que redatora eu nasci. E que de vez em quando faz bem seguir seus instintos. Foi quando, numa tarde de maio, recebi duas propostas para voltar para a revisão. Duas. Seguidas. E então aceitei a da Africa, que é onde estou hoje. Ah, e dois meses depois o que aconteceu? Chamei a Sam para trabalhar aqui. Recomeçar qualquer coisa é sempre um ano-novo dentro de cada um de nós.
Bom, tudo isso foi mesmo para explicar como chegamos aqui. É que muita gente não conhece bem o trabalho de revisão em agência de propaganda e por isso vale a pena deixar algumas dicas.
- Se você é daquelas pessoas que leem tudo o que passa pelas mãos, tipo rótulo de shampoo durante o banho, caixa de cereal matinal no café da manhã e texto legal do rodapé da promoção, we want you! Um revisor nato faz coleção de dicionário como a Sam ou de gramática como eu.
- Não importa sua formação acadêmica. Para ser um bom revisor, você precisa mesmo é ter tido uma boa base de educação (acho que isso vale para muitas profissões). Não pode ter faltado na aula de análise sintática de forma alguma, que isso faculdade nenhuma ensina direito (e eu fiz Letras, hein?). Precisa lembrar de quem é o sujeito, o predicado, de como pontuar corretamente e o que é a crase de verdade. Não adianta muito ter feito uma monografia em linguística, porque no dia a dia você vai precisar mesmo é decidir em um espaço muito curto de tempo se usa próclise ou mesóclise e se uma oração é explicativa ou restritiva. Geralmente com gente gritando "cadê o anúncio?" e com o jornal rodando na gráfica.
- Conhecer bem o que é publicidade é pré-requisito. Eu confesso que quando fui parar no meu primeiro emprego me perguntei por dias quem era Young e quem era Rubicam. Hoje reconheço um óculos de aro grosso a metros de distância e sei que promoção agora se chama ativação. Um curso rápido ajuda, mas nada como viver um tempinho dentro de uma agência de verdade (quer aprender pra valer? Comece em agência pequena, onde todo mundo faz tudo).
- Revisor não lê. Conta letrinha.
- Siga o professor Pasquale, o Novo Houaiss e a Academia Brasileira de Letras no Twitter. Se não sabe o que é Twitter, procure outra profissão.
- Corra imediatamente atrás de um curso sobre o novo acordo ortográfico. Tá tarde, mas ainda dá tempo.
- Você pode ser revisor, mas será também publicitário. Desista das regras mais sisudas da Língua Portuguesa, mas insista no que é certo. Lembre-se que a linguagem é coloquial, mas não precisa ser assassinada.
- Não despreze a tecnologia. O revisor do Word é ótimo para pegar erros de digitação. Saiba usar os marcadores dele e do Adobe Professional também. E, de preferência, num Mac!
- Conforme-se em trabalhar em horários estranhos, com gente esquisita e louca. Em pouco tempo você se torna uma delas.
- Manual de Redação e Estilo - O Estado de S.Paulo - leia, decore, filtre, mas use sempre. Enquanto não lançarmos o Manual do Revisor Publicitário, a bíblia é essa.
- Dicionários de Regência, Celso Pedro Luft - só ele sabe por que se chega a um lugar e se assiste aos filmes.
- VOLP - registro oficial das nossas palavras. A versão atualizada já apresenta dia a dia sem hífen e as demais alterações do novo acordo ortográfico.
- Livros do Pasquale. O cara é bacana, pode acreditar. Principalmente porque está atento a muitas das mudanças que a língua sofre na linguagem popular.
- Livros do Sacconi. O cara é mais chatinho, mas a gente precisa ter essa base.
- Dicionários (prefiro o Houaiss) e gramáticas (gosto da do Celso Cunha).
- Cursos da Universidade do Livro.
- Cursos do Senac.
- Cursos da ESPM.
E, para encerrar o post, nada como um exemplo ilustrado de onde o erro engana o olho até dos mais atentos revisores (em tempo: não fomos nós, ufa).
Vovó aprovaria
Minha avó já foi embora há alguns anos. Mas eu tenho certeza que ela aprovaria muita coisa no mundo de hoje. Ela era moderninha e todos os dias agradeço ter nascido em uma família que nunca tentou me colocar numa gaiola e que sempre me fez ver o mundo do tamanho que ele é e com todas as coisas que a ele pertencem.
Bom, estou falando tudo isso porque um dos filmes mais legais a que já assisti, esse do comercial de Havaianas, foi tirado do ar. Olha, acho que foi Deus que inventou a internet, para a gente poder ter acesso a tudo que o homem censura em Seu santo nome.
Bom, estou falando tudo isso porque um dos filmes mais legais a que já assisti, esse do comercial de Havaianas, foi tirado do ar. Olha, acho que foi Deus que inventou a internet, para a gente poder ter acesso a tudo que o homem censura em Seu santo nome.
Uma tragédia ainda maior
Um verdadeiro tsunami assola o mercado publicitário por causa de uma campanha assinada (ou não) pela DM9 para o cliente (ou não) WWF.
As peças, filme e mídia impressa, trazem imagens das Torres Gêmeas do WTC sendo atacadas por muitos aviões e o texto "O tsunami matou 100 vezes mais pessoas do que o ataque do dia 11 de setembro".

A propaganda, como muitos sabem, vive da comparação e do exagero. Não é nada raro ver situações esdrúxulas servindo de referência para a vida real. É por meio do exagero mesmo que a gente consegue chamar a atenção e fazer parar para pensar.
Vendo os números, é claro que a gente é obrigada a concordar que uma coisa pode ter sido maior que a outra. O que não justifica, a meu ver, é reduzir as tragédias e as pessoas a números.
Não vou nem entrar no mérito da questão de dizer que se formos pensar racionalmente, temos que levar em conta que os Estados Unidos da era Bush não assinaram o protocolo de Kyoto, que os americanos só olham para o próprio umbigo e que estão matando muito mais gente ainda no Oriente Médio. Isso é discussão para mais de um blog. Mas também não vou entrar no mérito da atual modinha se ser antiamericano que o digníssimo ex-presidente lá de cima conseguiu para seu país.
O problema é que não se pode pensar tão racionalmente assim quando tanta gente morreu e o mundo ainda tenta esquecer os horrores criados pelo homem - e aqui não estou nem citando a nacionalidade. Ou vai dizer que não existe americano que separa seu lixo e faz campanha pela paz mundial? Ou que o cara lá do outro lado do mundo não joga papel na rua?
Sinceramente, não tenho a menor ideia se todas essas questões foram levantadas pelo pessoal que criou a campanha. É bem provável que sim. Pior ainda, é provável que a visão dos envolvidos tenha sido chamar ainda mais a atenção para a desgraça que se abateu sobre a cidade de Nova York naquele 11 de setembro. Tipo "foi horrível, mas podia ser pior, veja o que aconteceu na Ásia". Se pensarmos por esse lado, não é tão ofensivo assim, vá. Mas, desculpe, não acho criativo também. É apelação. E apoiada em pilares que ruiram junto com as Torres Gêmeas.
Mas o pior ainda está acontecendo. O mercado quer responsabilizar alguém pela grosseria. E ninguém quer ser o pai da criança que faz piada com o filho do vizinho doente.
As peças, filme e mídia impressa, trazem imagens das Torres Gêmeas do WTC sendo atacadas por muitos aviões e o texto "O tsunami matou 100 vezes mais pessoas do que o ataque do dia 11 de setembro".

A propaganda, como muitos sabem, vive da comparação e do exagero. Não é nada raro ver situações esdrúxulas servindo de referência para a vida real. É por meio do exagero mesmo que a gente consegue chamar a atenção e fazer parar para pensar.
Vendo os números, é claro que a gente é obrigada a concordar que uma coisa pode ter sido maior que a outra. O que não justifica, a meu ver, é reduzir as tragédias e as pessoas a números.
Não vou nem entrar no mérito da questão de dizer que se formos pensar racionalmente, temos que levar em conta que os Estados Unidos da era Bush não assinaram o protocolo de Kyoto, que os americanos só olham para o próprio umbigo e que estão matando muito mais gente ainda no Oriente Médio. Isso é discussão para mais de um blog. Mas também não vou entrar no mérito da atual modinha se ser antiamericano que o digníssimo ex-presidente lá de cima conseguiu para seu país.
O problema é que não se pode pensar tão racionalmente assim quando tanta gente morreu e o mundo ainda tenta esquecer os horrores criados pelo homem - e aqui não estou nem citando a nacionalidade. Ou vai dizer que não existe americano que separa seu lixo e faz campanha pela paz mundial? Ou que o cara lá do outro lado do mundo não joga papel na rua?
Sinceramente, não tenho a menor ideia se todas essas questões foram levantadas pelo pessoal que criou a campanha. É bem provável que sim. Pior ainda, é provável que a visão dos envolvidos tenha sido chamar ainda mais a atenção para a desgraça que se abateu sobre a cidade de Nova York naquele 11 de setembro. Tipo "foi horrível, mas podia ser pior, veja o que aconteceu na Ásia". Se pensarmos por esse lado, não é tão ofensivo assim, vá. Mas, desculpe, não acho criativo também. É apelação. E apoiada em pilares que ruiram junto com as Torres Gêmeas.
Mas o pior ainda está acontecendo. O mercado quer responsabilizar alguém pela grosseria. E ninguém quer ser o pai da criança que faz piada com o filho do vizinho doente.
Sobre branding e o que fazemos com a nossa marca pessoal
Semana pasada o presidente da agência de propaganda em que estou trabalhando há apenas 15 dias reuniu todos os funcionários para falar sobre branding. Ou melhor, para informar que a partir de agora todo mundo tem que se virar para saber o que é isso.
Foi a primeira vez que eu vi o cara assim, tête-à-tête. E, entre todos os mitos que criam em torno dessas figuras da propaganda brasileira, alguns faziam muito sentido. Mas outros não, porque, em vez de ficar com medo daquela pessoa que falava alto, gesticulava muito e xingava de um jeito engraçado, eu senti mesmo uma baita vontade de ficar aqui.
Primeiro porque, desde que saí de outra agência grande para tentar dar um novo rumo para a minha carreira, a intenção foi sempre procurar coisas novas. Não só naquilo que é produzido em propaganda, mas no alicerce da construção das ideias. E apesar de eu mesma ter sentido meus alicerces pessoais tremerem na base, foi um tempo de muito aprendizado.
Tive que estudar todo santo dia. Tive que aprender o que é branding, o que é BTL, o que é guerillha. Fiz planejamentos solitários e enriquecedores, ao mesmo tempo em que saía da agência pensando que não poderia planejar nada para minha vida no futuro próximo.
Branding é o termo que se usa para a construção e percepção de uma marca. Porque, cada vez mais, para as empresas, o seu bem mais precioso é algo que não se come, nem se veste, nem se usa. Branding não é fazer com que um consumidor escolha uma marca em vez da marca concorrente. É fazer com que um potencial consumidor perceba a marca como a única solução para o que ele busca.
“Uma marca tem de parecer um amigo.”
Howard Schultz - Starbucks
Traçando um paralelo com a vida da gente, não é muito diferente. Algumas pessoas também têm sua marca. São lembradas pela forma como tratam os outros, pela qualidade do seu trabalho, por uma sensação que deixam quando vão embora. Eu acredito muito na minha marca pessoal, mas agora pude perceber o quanto ela andou esquecida e judiada nos últimos tempos. Minha revolução pessoal, assim como a chamada crise instaurada no mundo, só me deu chance de sobreviver.
Justamente o contrário do que disse o presidente da agência na semana passada: viva.
Foi a primeira vez que eu vi o cara assim, tête-à-tête. E, entre todos os mitos que criam em torno dessas figuras da propaganda brasileira, alguns faziam muito sentido. Mas outros não, porque, em vez de ficar com medo daquela pessoa que falava alto, gesticulava muito e xingava de um jeito engraçado, eu senti mesmo uma baita vontade de ficar aqui.
Primeiro porque, desde que saí de outra agência grande para tentar dar um novo rumo para a minha carreira, a intenção foi sempre procurar coisas novas. Não só naquilo que é produzido em propaganda, mas no alicerce da construção das ideias. E apesar de eu mesma ter sentido meus alicerces pessoais tremerem na base, foi um tempo de muito aprendizado.
Tive que estudar todo santo dia. Tive que aprender o que é branding, o que é BTL, o que é guerillha. Fiz planejamentos solitários e enriquecedores, ao mesmo tempo em que saía da agência pensando que não poderia planejar nada para minha vida no futuro próximo.
Branding é o termo que se usa para a construção e percepção de uma marca. Porque, cada vez mais, para as empresas, o seu bem mais precioso é algo que não se come, nem se veste, nem se usa. Branding não é fazer com que um consumidor escolha uma marca em vez da marca concorrente. É fazer com que um potencial consumidor perceba a marca como a única solução para o que ele busca.
“Uma marca tem de parecer um amigo.”
Howard Schultz - Starbucks
Traçando um paralelo com a vida da gente, não é muito diferente. Algumas pessoas também têm sua marca. São lembradas pela forma como tratam os outros, pela qualidade do seu trabalho, por uma sensação que deixam quando vão embora. Eu acredito muito na minha marca pessoal, mas agora pude perceber o quanto ela andou esquecida e judiada nos últimos tempos. Minha revolução pessoal, assim como a chamada crise instaurada no mundo, só me deu chance de sobreviver.
Justamente o contrário do que disse o presidente da agência na semana passada: viva.
Emprego certo
Recebi a dica da Lu Carvalho, mas já tinha visto - e amado - este filme do UOL.
Veio em boa hora, porque acabo de mudar de emprego. A gente vive insatisfeito com o que tem, não é mesmo? Mas não esta que vos escreve. Ao longo do tempo tenho aprendido a dar valor em cada coisa e, mesmo dentro do olho do furacão, sempre procurei dar o melhor de mim.
O problema é que eu não andava tão bem, feliz e contente, então sempre tinha a sensação que o melhor de mim ainda era uma droga.
Enfim, a vida tá recomeçando. E nunca pareceu tão animadora.
É, estou muito feliz.
Sinais
O filme é lindo, mas pela primeira vez vou criticar algo de que gostei muito. Achei o texto fraco. Em pequenos espaços cabe muito mais idéia. Ainda assim, é bonitinho.
Indiana Jones
Mais uma vez tenho aquela sensação de ter escapado das paredes que estavam prestes a me prensar, da bola gigante correndo em minha direção ou da porta de ferro que me trancaria para sempre num quarto cheio de sapos imundos (sapo é pior que cobra), por uma mísera frestinha.
Mas a sensação de se sentir salva de uma maldição não diminui a tristeza de saber que outros estão lá. Com os sapos, cobras e lagartos desse mundinho cruel que é a propaganda.
Hoje, se eu pudesse fazer um anúncio, seria este: Não invista em sua carreira. Perca seu tempo pensando num plano B e não viva para o trabalho que te dão.
O stress só é fundamental para quem tem certeza que no dia seguinte terá como pular desse barco.
Mas a sensação de se sentir salva de uma maldição não diminui a tristeza de saber que outros estão lá. Com os sapos, cobras e lagartos desse mundinho cruel que é a propaganda.
Hoje, se eu pudesse fazer um anúncio, seria este: Não invista em sua carreira. Perca seu tempo pensando num plano B e não viva para o trabalho que te dão.
O stress só é fundamental para quem tem certeza que no dia seguinte terá como pular desse barco.
Antes que o mundo acabe
Ouvi agora a melhor teoria de todos os tempos sobre os Atendimentos de agências de propaganda: todos eles são morcegos disfarçados. Quando começa a escurecer, saem de suas cavernas, batendo asas desesperadamente, debatendo-se uns contra os outros, atropelando os animais que estão pelo caminho, cegos, loucos, esfomeados, e querem sangue antes que o dia amanheça e tudo vire pó. Para mim faz muito sentido.
O diabo do atendimento
Preciso deixar registrado aqui meu grito de protesto. Sabe essas tabelas da Copa que provavelmente você ganhou em todos os estabelecimentos ao consumir alguma coisa? Então, algumas delas estão erradas. E digo mais: a culpa NÃO é do revisor. Sim, porque a maioria das pessoas vai culpar esse pobre profissional, rindo com o cantinho dos lábios, ou, ainda, vai dizer que ninguém revisou o material.
Estou aqui, hoje, para provar que isso é mentira. Sou a prova viva, ambulante e absolutamente revoltada disso. Sabe por que? Aqui na agência onde trabalho, é óbvio, um cliente (dos grandes) resolveu fazer sua tabelinha (ficamos surpresos por não termos que fazer para todos os benditos clientes). Lá veio a ela, com os países separados por grupos e os jogos, com data, hora e os nomes das cidades.
Não é fácil revisar um trabalho desses, meus amados. Primeiro, porque é uma verdadeira aula de geografia procurar os nomes corretos, e em português, de países que, por exemplo, no meu tempo de colégio eram conhecidos como Tchecoslováquia. Que agora se separou e virou a Eslováquia (que não joga) e a República Checa (uma notinha cretina: o manual mais usado pelos revisores adota essa grafia. A Globo também. Mas ninguém aceita, o que nos obriga a consultar o Houaiss. Tá lá: República Checa é o mesmo que Tcheca. Existe também a forma Chéquia. E eu, cansada desse assunto que já beirava a baixaria, tendo que explicar para o pessoal do Atendimento que coisas assim acontecem com a nossa língua). Sem falar que as referências traziam no grupo H um país chamado Ucrácia. Mas não pára aí. Lembrem-se, a Copa é na Alemanha. E os nomes de cidades como Kaiserslautern e Gelsenkirchen, há três meses, não eram familiares como agora, Ich muss mich entschuldigen!
Mas, depois de tanto trabalho e alguma pesquisa, coisa que eu adoro fazer, liberei o material, cuidadosamente revisado, e orgulhosa de participar um pouquinho da Copa, nem que fosse assim. Porém, como todo mundo que trabalha com propaganda sabe, houve uma alteração. E lá vai a tabela para a Criação diagramar com dois tapinhas para a direita e dois para a esquerda. E o cliente pede para aumentar o logotipo. O básico de sempre, que me faz acreditar que posso ser Criação ou cliente assim que eu quiser. E lá vem a tabela para a revisão mais uma vez. Com uma ressalva: usar uma nova referência, com os nomes dos países, datas e locais de jogos corretíssimos. Praticamente uma tabela da Fifa. Oba, agora sim, nada de Ucrácia.
Quando aparecem jobs desse naipe, eu costumo abstrair tudo ao meu redor. Desligo o MSN, não escuto nem o cara do retoque me pedindo desculpas por ter me chutado por debaixo da mesa mais uma vez. Fico ali, eu e a tabela, contando letrinha, imersa na profusão de vogais, consoantes e números, com o medo, sempre ele, de errar. Afinal, é pensando nessa verdade que o revisor trabalha. O medo e o erro são o combustível do revisor.
Meses depois, nas oitavas-de-final, corre a loira do Atendimento gritando: a tabela está errada! Milhões de cópias distribuídas. O nome do cliente em jogo! E de quem é a culpa? Da revisão.
Foi uma bela discussão. A loira dizendo que, onde já se viu, trocar nomes e jogos da Copa do Mundo! A Tráfego correndo atrás da CPI do job. E eu quieta, esperando o show acabar. Porque tem uma coisa: revisor sabe onde erra. E eu poderia errar num nome, mas não me atreveria a trocar partidas inteiras, comprometendo as oitavas e quartas-de-final. Nem que fosse para ajudar o Brasil!
Então alguém levanta a referência. Aquela “corretíssima”. Em agência de propaganda, existe uma coisa chamada “o diabo de plantão”. A gente usa essa expressão para quando, mesmo com todo o cuidado, alguma coisa sai errada. Parece que, no caso dessa tabela, o belzebu estava na cola do Atendimento. Porque foi ele quem passou a referência errada, erradíssima. Na alteração pedida pelo cliente, a Criação usou uma tabela diferente da primeira, tirada de não se sabe onde (o povo da Criação é meio pirado mesmo), e imprimiu como sendo a versão final e verdadeira para a loira do Atendimento anexar ao job escrevendo em letras garrafais: dados corretos. E assim, o pobre revisor é enganado e revisa feliz um trabalho que já está condenado. Sem ao menos sonhar que aquela primeira versão, antes da alteração, era a certa. É nisso que dá mexer com time que está ganhando.
Estou aqui, hoje, para provar que isso é mentira. Sou a prova viva, ambulante e absolutamente revoltada disso. Sabe por que? Aqui na agência onde trabalho, é óbvio, um cliente (dos grandes) resolveu fazer sua tabelinha (ficamos surpresos por não termos que fazer para todos os benditos clientes). Lá veio a ela, com os países separados por grupos e os jogos, com data, hora e os nomes das cidades.
Não é fácil revisar um trabalho desses, meus amados. Primeiro, porque é uma verdadeira aula de geografia procurar os nomes corretos, e em português, de países que, por exemplo, no meu tempo de colégio eram conhecidos como Tchecoslováquia. Que agora se separou e virou a Eslováquia (que não joga) e a República Checa (uma notinha cretina: o manual mais usado pelos revisores adota essa grafia. A Globo também. Mas ninguém aceita, o que nos obriga a consultar o Houaiss. Tá lá: República Checa é o mesmo que Tcheca. Existe também a forma Chéquia. E eu, cansada desse assunto que já beirava a baixaria, tendo que explicar para o pessoal do Atendimento que coisas assim acontecem com a nossa língua). Sem falar que as referências traziam no grupo H um país chamado Ucrácia. Mas não pára aí. Lembrem-se, a Copa é na Alemanha. E os nomes de cidades como Kaiserslautern e Gelsenkirchen, há três meses, não eram familiares como agora, Ich muss mich entschuldigen!
Mas, depois de tanto trabalho e alguma pesquisa, coisa que eu adoro fazer, liberei o material, cuidadosamente revisado, e orgulhosa de participar um pouquinho da Copa, nem que fosse assim. Porém, como todo mundo que trabalha com propaganda sabe, houve uma alteração. E lá vai a tabela para a Criação diagramar com dois tapinhas para a direita e dois para a esquerda. E o cliente pede para aumentar o logotipo. O básico de sempre, que me faz acreditar que posso ser Criação ou cliente assim que eu quiser. E lá vem a tabela para a revisão mais uma vez. Com uma ressalva: usar uma nova referência, com os nomes dos países, datas e locais de jogos corretíssimos. Praticamente uma tabela da Fifa. Oba, agora sim, nada de Ucrácia.
Quando aparecem jobs desse naipe, eu costumo abstrair tudo ao meu redor. Desligo o MSN, não escuto nem o cara do retoque me pedindo desculpas por ter me chutado por debaixo da mesa mais uma vez. Fico ali, eu e a tabela, contando letrinha, imersa na profusão de vogais, consoantes e números, com o medo, sempre ele, de errar. Afinal, é pensando nessa verdade que o revisor trabalha. O medo e o erro são o combustível do revisor.
Meses depois, nas oitavas-de-final, corre a loira do Atendimento gritando: a tabela está errada! Milhões de cópias distribuídas. O nome do cliente em jogo! E de quem é a culpa? Da revisão.
Foi uma bela discussão. A loira dizendo que, onde já se viu, trocar nomes e jogos da Copa do Mundo! A Tráfego correndo atrás da CPI do job. E eu quieta, esperando o show acabar. Porque tem uma coisa: revisor sabe onde erra. E eu poderia errar num nome, mas não me atreveria a trocar partidas inteiras, comprometendo as oitavas e quartas-de-final. Nem que fosse para ajudar o Brasil!
Então alguém levanta a referência. Aquela “corretíssima”. Em agência de propaganda, existe uma coisa chamada “o diabo de plantão”. A gente usa essa expressão para quando, mesmo com todo o cuidado, alguma coisa sai errada. Parece que, no caso dessa tabela, o belzebu estava na cola do Atendimento. Porque foi ele quem passou a referência errada, erradíssima. Na alteração pedida pelo cliente, a Criação usou uma tabela diferente da primeira, tirada de não se sabe onde (o povo da Criação é meio pirado mesmo), e imprimiu como sendo a versão final e verdadeira para a loira do Atendimento anexar ao job escrevendo em letras garrafais: dados corretos. E assim, o pobre revisor é enganado e revisa feliz um trabalho que já está condenado. Sem ao menos sonhar que aquela primeira versão, antes da alteração, era a certa. É nisso que dá mexer com time que está ganhando.
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