Duas vozes queridas para uma flor

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A Flor
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Madame Bovary

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Por tudo quanto tinha apego, em outra hora, encontrava estranheza. Temia mais viver a realidade de dias sem emoções do que ser descoberta. Mesmo quando conseguia o que sempre quisera, quando tinha já não queria. Amava a família, até amar mais uma coisa nova, qualquer uma. Queria status, queria amor. Queria uma vida pacata, queria aventuras em série. Era boa, era cruel. Cuidava da casa com zelo, não pregava um botão. Enjoava, enjoava. Fazia planos para deles desistir depois. Passava os dias procurando lugares onde ir no Google Earth – mesmo que não fosse. Não resistia às liquidações da Zara. Tinha TPM e não assumia, pagava a academia e não ia. O mundo é um lugar repleto das mulheres de Balzac.

Questão de tempo

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Ainda bem que existem os fins de semana. Só um sábado e um domingo são capazes de trazer as pessoas para a normalidade. Porque o que vivemos de segunda a sexta não é a nossa vida. É o trabalho, são os jobs, são os colegas, alguma paixonite fora de hora, uma briga entre amigos, feridas mal curadas, risadas bobas pelo messenger, tentativas frustradas de chegar mais cedo, é o rodízio, é aula disso e daquilo, é família ligando para saber notícias, o amor da sua vida de meias, cólica, rinite, choro, cafés intermináveis, ásanas impraticáveis, almoço feliz, saudades, planos. Mas no fim de semana não. Nesses dias você é o que sobra de tudo que aconteceu e o do que queria ter feito. É quando consegue dar o tempo devido para que o trabalho não seja mais importante do que rir da pessoa de meias. Quando descobre que brigar com os amigos vai passar tão depressa quanto as horinhas que tem para o almoço. Que a paixonite passa e as borboletas podem ficar em paz. Que a cólica e a rinite vão voltar e que toda semana vai ter coisas muito boas e alguns momentinhos ruins também. E que eles sejam muito menores do que nossa capacidade de olhar para a frente e sentir saudades.

Hamster e cobra fazem amizade em zoológico

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“Gohan e Aochan formam um dupla de amigos diferente: um deles é um hamster de 9 centímetros e o outro é uma cobra de 1,2 metros. Os funcionários do zoológico Mutsugoro Okoku em Tóquio ofereceram o hamster como uma apetitosa refeição à cobra, que se recusou a comer ratos congelados. Mas, ao invés de comê-lo, a cobra Aochan decidiu fazer amizade com o ratinho. Desde então, os dois dividem a mesma jaula.

‘Eu nunca vi nada parecido’, disse o funcionário Kazuya Yamamoto. ‘Algumas vezes Gohan até tira um cochilo nas costas da cobra’.

Aochan, uma cobra de dois anos de idade que se alimenta de ratos acabou desenvolvendo apetite para os ratos congelados, mas não dá nenhum sinal de querer alimentar-se com Gohan. ‘Nós nomeamos o hamster Gohan (arroz em japonês) como uma piada. Mas eu acredito que não haja nenhum perigo. Aochan parece gostar muito da companhia de Gohan’, disse Yamamoto.”

Amigos
Por via das dúvidas, eu dormiria com um olho aberto.

ela voltou!!!

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ufa! que alívio! e falo isso como mel nos dois sentidos...tô falando da minha irmã, aquela baixinha atrapalhada que faz até a minha cachorra ficar doente de saudade...meu Deus, como ela faz falta...em breve, quero escrever um post sobre ela, ou melhor, sobre a nova revisão gramatical feita por ela, porque ela tem um vocabulário próprio. quem mais falaria que gosta de saxsanfone, que o reginaldo gianecchini é lindo, que o jô soares é um troglodita (no dicionário dela, significa poliglota) ou que o ator que ela mais gosta é o jack nilson??? "rachel, diversão garantida ou o seu dinheiro de volta"...e não é que daria um bom título pra um livro???
vc é única, menininha...seja bem-vinda!!!!!

dias pro cão...ou melhor, pra "cã"

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eu bem sei o que esses bichinhos são capazes de fazer com o coração da gente...o meu tá praticamente em pedaços...desde sexta-feira, meus pensamentos, meus sonhos, minhas orações são todos pra minha minúscula inspiração pra este blog.

Um dia de cão

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Essa noite sonhei que haviam abandonado uma cesta cheia de cãezinhos na estrada da minha chácara em Assis. Havia bichinhos de todas as raças e eu não tinha como acolhê-los pois os três boxers com nome de bebida a quem damos morada não são lá muito amigos de estranhos. Havia duas cadelinhas que amamentavam os pequenos, uma vira-latas e uma maltês, e todos os bebês eram lindos, mas ninguém os queria. Foi um dos sonhos mais tristes que já tive e acordei em prantos, com uma baita insônia, e agora tô babando mais que o Al Pacino investigando um assassinato no Sol da Meia-Noite, naquele filme que me dá arrepios. É por isso que a expressão que dá título a este post, hoje, me cai tão bem.

Ela de novo

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Eu simplesmete adoro coincidências ou, como diz minha amiga que mora nos pampas, convergências. A de hoje foi inspiradora. Meu instrutor de Yôga mandou este texto. Há tempos eu andava encantada com a autora dele, Martha Medeiros, que como a gente trabalhou com Propaganda. Foi uma poesia dela que inspirou meu convite de casamento. E com isso descobri que ela também é de Porto Alegre.
O mundo pode ser bem pequeno, se você desejar.


Desejo que desejes

Eu desejo que desejes
ser feliz de um modo possível e rápido,
desejo que desejes
uma via expressa rumo a realizações não utópicas, mas viáveis,
que desejes
coisas simples como um suco gelado depois de correr
ou um abraço ao chegar em casa,
desejo que desejes
com discernimento e com alvos bem mirados.

Mas desejo também
que desejes com audácia,
que desejes
uns sonhos descabidos e que,
ao sabê-los impossíveis, não os leve em grande consideração,
mas os mantenha acesos, livres de frustração,
desejes
com fantasia e atrevimento,
estando alerta para as casualidades e os milagres,
para o imponderável da vida,
onde os desejos secretos são atendidos.

Desejo que desejes
trabalhar melhor,
que desejes amar com menos amarras,
que desejes parar de fumar,
que desejes viajar para bem longe
e desejes voltar para teu canto,
desejo que desejes crescer
e que desejes o choro e o silêncio,
através deles somos puxados pra dentro,
eu desejo que desejes
ter a coragem de se enxergar mais nitidamente.

Mas desejo também que desejes
uma alegria incontida,
que desejes mais amigos,
e nem precisam ser melhores amigos,
basta que sejam bons parceiros de esporte e de mesas de bar,
que desejes
o bar tanto quanto a igreja,
mas que o desejo pelo encontro seja sincero,
que desejes escutar as histórias dos outros,
que desejes acreditar nelas
e desacreditar também,
faz parte este ir-e-vir de certezas e incertezas,
que desejes não ter tantos desejos concretos,
que o desejo maior seja a convivência pacífica
com outros que desejam outras coisas.

Desejo que desejes
alguma mudança,
uma mudança que seja necessária
e que ela não te pese na alma,
mudanças são temidas,
mas não há outro combustível para essa travessia.

Desejo que desejes
um ano inteiro de muitos meses bem fechados,
que nada fique por fazer,
e desejo, principalmente,
que desejes desejar,
que te permitas desejar,
pois o desejo é vigoroso e gratuito,
o desejo é inocente,
não reprima teus pedidos ocultos.

Desejo que desejes
vitórias, romances, diagnósticos favoráveis,
mais dinheiro e sentimentos vários,
mas desejo, antes de tudo,
que desejes,
simplesmente.

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E 2006 dá suas caras

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Sempre que janeiro chega, com seus dias ensolarados em Paúba, percebo que agora é de verdade. Tá certo que o Natal e o Réveillon foram muito bem aproveitados, mas nada como botar o pé nas águas do mar para sentir que o ciclo voltou ao seu início. É bom estar em casa também. Bom acordar cedo, sentir o ar leve da manhã e fazer as coisas que gosto enquanto a cidade desperta, lenta, em mais um dia que não vai acabar cedo. E que bom que seja assim. Porque começar de novo implica em um olhar novo sobre as coisas velhas. E saborear cada minutinho da vida é um aprendizado que não acaba nunca. Swásthya!