Billie Tweets: a Twitter tribute to Michael Jackson

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Billie Tweets: a Twitter tribute to Michael Jackson

Uma homenagem em tempos de Twitter. RIP MJ.

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Vai passar

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Vai passar, tu sabes que vai passar. Talvez não amanhã, mas dentro de uma semana, um mês ou dois, quem sabe? O verão está ai, haverá sol quase todos os dias, e sempre resta essa coisa chamada "impulso vital". Pois esse impulso às vezes cruel, porque não permite que nenhuma dor insista por muito tempo, te empurrará quem sabe para o sol, para o mar, para uma nova estrada qualquer e, de repente, no meio de uma frase ou de um movimento te supreenderás pensando algo como "estou contente outra vez". Ou simplesmente "continuo", porque já não temos mais idade para, dramaticamente, usarmos palavras grandiloqüentes como "sempre" ou "nunca". Ninguém sabe como, mas aos poucos fomos aprendendo sobre a continuidade da vida, das pessoas e das coisas. Já não tentamos o suicidio nem cometemos gestos tresloucados. Alguns, sim - nós, não. Contidamente, continuamos. E substituimos expressões fatais como "não resistirei" por outras mais mansas, como "sei que vai passar". Esse o nosso jeito de continuar, o mais eficiente e também o mais cômodo, porque não implica em decisões, apenas em paciência. Claro que no começo não terás sono ou dormirás demais. Fumarás muito, também, e talvez até mesmo te permitas tomar alguns desses comprimidos para disfarçar a dor. Claro que no começo, pouco depois de acordar, olhando à tua volta a paisagem de todo dia, sentirás atravessada não sabes se na garganta ou no peito ou na mente - e não importa - essa coisa que chamarás com cuidado, de "uma ausência". E haverá momentos em que esse osso duro se transformará numa espécie de coroa de arame farpado sobre tua cabeça, em garras, ratoeira e tenazes no teu coração. Atravessarás o dia fazendo coisas como tirar a poeira de livros antigos e velhos discos, como se não houvesse nada mais importante a fazer. E caminharás devagar pela casa, molhando as plantas e abrindo janelas para que sopre esse vento que deve levar embora memórias e cansaços. Contarás nos dedos os dias que faltam para que termine o ano, não são muitos, pensarás com alívio. E morbidamente talvez enumeres todas as vezes que a loucura, a morte, a fome, a doença, a violência e o desespero roçaram teus ombros e os de teus amigos. Serão tantas que desistirás de contar. Então fingirás - aplicadamente, fingirás acreditar que no próximo ano tudo será diferente, que as coisas sempre se renovam. Embora saibas que há perdas realmente irreparáveis e que um braço amputado jamais se reconstituirá sozinho. Achando graça, pensarás com inveja na largatixa, regenerando sua própria cauda cortada. Mas no espelho cru, os teus olhos já não acham graça. Tão longe ficou o tempo, esse, e pensarás, no tempo, naquele, e sentirás uma vontade absurda de tomar atitudes como voltar para a casa de teus avós ou teus pais ou tomar um trem para um lugar desconhecido ou telefonar para um número qualquer (e contar, contar, contar) ou escrever uma carta tão desesperada que alguém se compadeça de ti e corra a te socorrer com chás e bolos, ajeitando as cobertas à tua volta e limpando o suor frio de tua testa. Já não é tempo de desesperos. Refreias quase seguro as vontades impossíveis. Depois repetes, muitas vezes, como quem masca, ruminas uma frase escrita faz algum tempo. Qualquer coisa assim:- ... mastiga a ameixa frouxa. Mastiga, mastiga, mastiga: inventa o gosto insípido na boca seca...

Caio Fernando Abreu

PS: na verdade, já passou. Mas esse é um texto bonito demais para ficar de fora desse blog. Eu queria ter lido isso antes, quando as palavras eram as únicas amigas que tinha por perto.

Trilha sonora para o post anterior

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The Killers - Human

É só clicar.

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Um mundo que dança

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Olhe à sua volta. Preste atenção nas pessoas que estão perto de você durante um dia inteiro. Não é possível que o ser humano tenha sido feito para passar a vida sentado assistindo à televisão.
Depois que fui à apresentação do ótimo grupo Pilobolus, comecei a ficar incomodada com a acomodação do nosso corpo. Um monte de ossos empilhados sem uso é a coisa mais triste que se pode fazer com ele.
Defendo e sempre defendi o uso consciente do corpo, cada um com o seu jeito. Na dança eu encontrei a minha maneira de expressar um pouco disso. E brigo todo o dia com minha musculatura para que ela tenha força, disposição e coragem de dizer coisas que a boca sozinha não diz. Brigo também com minhas alunas para que elas não façam uma aula medíocre, para que sintam que há energia em todos os movimentos, que há intenção num passo de dança, que o coração dança junto com a gente.
Acho que um pouco do que estou dizendo aqui foi lindamente captado em fotografia e publicado por Alan Taylor no blog The Big Picture, do Boston Globe. Inspirado por publicações como Life Magazine, National Geographic e em experiências on-line como MSNBC.com's Picture Stories Alan posta toda segunda-feira incríveis imagens - com enfoque sobre os atuais acontecimentos, histórias e tudo o que pode ser interessante e que uma câmera pode conseguir registrar. Escolhi algumas para o Diário, mas tem muito mais, além dos créditos e de uma introdução bacana (em inglês).
O mundo é bailarino e, como Nietzsche já disse, que seja perdido o dia em que não se dançou uma única vez.


Bailarina do English National Ballet em A Morte do Cisne, com traje concebido por Karl Largerfeld, Londres, Inglaterra. (Oli Scarff / Getty Images)

Pessoass dançando sob o arco-íris durante o Bela Música Rock Festival 2009, em Borovaya, nos arredores de Minsk. (AP Photo)

Bailarinos do Alvin Ailey American Dance Theater. (Andrew Eccles)

Dançarinas da Morenada durante o festival Jesus del Gran Poder em La Paz, Bolívia. (AIZAR RALDES / AFP / Getty Images)

Bailarino da trupe argentina Fuerza Bruta em abertura do show no Adrienne Arsht Center, em Miami, Flórida. (REUTERS / Carlos Barría)

Eleitores do candidato reformista Mir Hossein Mousavi dançam a música que vem de um alto-falante nas ruas, alguns dias antes da eleição, no Sadatabad distrito do norte de Teerã, Irã. (AP Photo / Ben Curtis)

Eleitores do candidato Megawati Sukarnoputri dançam antes de seu discurso em Porong distrito de Sidoarjo, East Java. (REUTERS / Beawiharta)

Doug Walker e seu grupo de break dance "New York City Float Committee" na estação do Metrô de Times Square. (Damon Winter / The New York Times)

"Colabore com seu biógrafo. Faça, erre, tente, falhe, lute. Mas, por favor, não jogue fora, se acomodando, a extraordinária oportunidade de ter vivido. Tendo consciência de que, cada homem foi feito para fazer história. Que todo homem é um milagre e traz em si uma revolução. Que é mais do que sexo ou dinheiro. Você foi criado, para construir pirâmides e versos, descobrir continentes e mundos, e caminhar sempre, com um saco de interrogações na mão e uma caixa de possibilidades na outra."
Nizan Guanaes


Sobre branding e o que fazemos com a nossa marca pessoal

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Semana pasada o presidente da agência de propaganda em que estou trabalhando há apenas 15 dias reuniu todos os funcionários para falar sobre branding. Ou melhor, para informar que a partir de agora todo mundo tem que se virar para saber o que é isso.

Foi a primeira vez que eu vi o cara assim, tête-à-tête. E, entre todos os mitos que criam em torno dessas figuras da propaganda brasileira, alguns faziam muito sentido. Mas outros não, porque, em vez de ficar com medo daquela pessoa que falava alto, gesticulava muito e xingava de um jeito engraçado, eu senti mesmo uma baita vontade de ficar aqui.

Primeiro porque, desde que saí de outra agência grande para tentar dar um novo rumo para a minha carreira, a intenção foi sempre procurar coisas novas. Não só naquilo que é produzido em propaganda, mas no alicerce da construção das ideias. E apesar de eu mesma ter sentido meus alicerces pessoais tremerem na base, foi um tempo de muito aprendizado.

Tive que estudar todo santo dia. Tive que aprender o que é branding, o que é BTL, o que é guerillha. Fiz planejamentos solitários e enriquecedores, ao mesmo tempo em que saía da agência pensando que não poderia planejar nada para minha vida no futuro próximo.

Branding é o termo que se usa para a construção e percepção de uma marca. Porque, cada vez mais, para as empresas, o seu bem mais precioso é algo que não se come, nem se veste, nem se usa. Branding não é fazer com que um consumidor escolha uma marca em vez da marca concorrente. É fazer com que um potencial consumidor perceba a marca como a única solução para o que ele busca.

“Uma marca tem de parecer um amigo.”
Howard Schultz
 - Starbucks

Traçando um paralelo com a vida da gente, não é muito diferente. Algumas pessoas também têm sua marca. São lembradas pela forma como tratam os outros, pela qualidade do seu trabalho, por uma sensação que deixam quando vão embora. Eu acredito muito na minha marca pessoal, mas agora pude perceber o quanto ela andou esquecida e judiada nos últimos tempos. Minha revolução pessoal, assim como a chamada crise instaurada no mundo, só me deu chance de sobreviver.

Justamente o contrário do que disse o presidente da agência na semana passada: viva.

No words

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The Beatles: Rock Band

Emprego certo

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Recebi a dica da Lu Carvalho, mas já tinha visto - e amado - este filme do UOL.
Veio em boa hora, porque acabo de mudar de emprego. A gente vive insatisfeito com o que tem, não é mesmo? Mas não esta que vos escreve. Ao longo do tempo tenho aprendido a dar valor em cada coisa e, mesmo dentro do olho do furacão, sempre procurei dar o melhor de mim. 
O problema é que eu não andava tão bem, feliz e contente, então sempre tinha a sensação que o melhor de mim ainda era uma droga.
Enfim, a vida tá recomeçando. E nunca pareceu tão animadora.
É, estou muito feliz.