While my guitar gently weeps

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Acordou chorando e foi logo cuidar para que aquele dia começasse de uma vez. Tomou banho sentindo as lágrimas fazerem confusão com a água que caía. Trocou de roupa aos prantos, sabendo-se a mulher mais infeliz do mundo, enquanto via que o chão precisava urgentemente de uma vassoura. Engoliu o pão integral e o iogurte dietético com o gosto ainda mais amargo. Trânsito e lágrima. Trabalho, muito trabalho. Intercalado com escapadas ao banheiro da empresa, onde vertia seu choro compulsivo.
Almoçou na mesa. Chorou escondida de novo.
Leu as coisas mais tristes que pôde. Maldisse sua vida e os rumos que tinha dado a ela. Quis ir embora, fazer as malas. Chorou pela fome do mundo, pelo fim da novela, pela amiga que ia embora, pelo amor que ainda dormia.
Saiu tarde, mais uma vez, e por isso chorou também. Chegou em casa, lavou o rosto sentindo a lágrima quente separar-se da água gelada.
E então, quando não havia mais por que chorar, ainda que a vontade continuasse, tomou uma cartela de Valium e foi tratar de ser feliz.

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