(extraído do site Sabático)
Machu Picchu, importante centro econômico, cultural e religioso dos incas, é, sem dúvida, a relíquia mais intrigante do Valle Sagrado. Sua história pré e pós colombiana não está totalmente esclarecida. Parece certo ter sido refúgio de nobres, sacerdotes, artistas e grandes conhecedores de arquitetura, astronomia e outras ciências.
Ocupa o topo de uma montanha de difícil acesso, protegida por montanhas mais altas, ao lado do cânion do rio Urubamba, numa região de floresta densa. Altos picos em volta de Machu Picchu protegem os quatro cantos - ou suyos, na língua quéchua, falada na região. Esses picos representam os deuses apus, senhores das montanhas. A vizinha montanha Hauynapicchu tem três picos, chamados Salcantay, Willaweq'e (ou Verónica) e Pumasillo. Meu guia de trilha, Jim, típico filho do Valle Sagrado, contou que os três picos representavam para os incas, respectivamente, o pai, a mãe e o filho. Ou ainda a lua, o sol e as estrelas. Jim fala do passado como se falasse também do presente. A cultura inca parece estar ainda impregnada nos habitantes da região.
Ao contrário do que vi no Caminho de Santiago, são raros os casos e lendas sobre Machu Picchu na tradição oral. Segundo o professor peruano Darwin Camacho Paredes, a cidade foi construída entre 1400 e 1530, isto é, antes de Pizarro, o invasor espanhol, liquidar todo o império inca, que teria começado em 1100. Não é consenso entre os estudiosos, mas a cidade parece ter sido abandonada antes de ser descoberta pelos espanhóis.
De 1535 a 1572 os incas, liderados por Manco Inca e depois por Tupac Amaru, lutaram contra os europeus. Foram destruídas inúmeras construções e vias de comunicação entre as cidades. Parece que os incas levaram as pessoas especiais, aquelas que eram sagradas, para um lugar onde pudessem ficar em proteção para continuar seu caminho espiritual. A nação inca desapareceu, mas Machu Picchu permaneceu praticamente intocada.
Pouco se sabe da sua população. Pesquisadores localizaram tumbas nas encostas das montanhas, que revelaram um fato intrigante: mais de 60% dos esqueletos eram de mulheres adultas. O que teria acontecido? Não se tem ainda explicação conclusiva.
Machu Picchu tem enormes terraços, que eram utilizados para plantio. A parte urbana tem construções imponentes, como templos, palácios e observatórios astronômicos. Atualmente os nomes dados às construções são Porta do Sol (Intipunku), Templo das Três Janelas, Templo das Águas, Templo do Condor.
A parte urbana tem ao centro uma área enorme, que era utilizada para rituais e festivais. Ao que tudo indica, era grande o número de moradores da vizinhança que vinham dos quatro cantos para participar desses acontecimentos.
No lado oeste, sobre uma elevação, está a pirâmide sagrada de Intihuatana, que demonstra o grande domínio dos incas sobre técnicas arquitetônicas, além de profundo conhecimento do movimento solar.
Há quem diga que Machu Picchu continua tão viva quanto sempre esteve, que as energias sagradas já estavam lá antes da chegada dos incas. Testemunhei que é, no mínimo, um lugar incomum, ao pôr a mão esquerda sobre uma grande pedra chamada Relógio do Sol, considerada uma rocha de energia. Coloquei e, pela primeira vez na vida, enxerguei minha aura. Em cada um dos meus dedos foi-se formando uma coroa laranja, depois avermelhada, que contornou toda a minha mão. Impressionante!
Meu guia Jim contou que os conquistadores espanhóis ouviram dizer que os nativos tinham uma cidade dourada, dupla de Cusco, o Eldorado. Saíram procurando essa cidade de ouro, que era na verdade Machu Picchu, mas nada encontraram.
Jim se referiu a Eldorado para explicar um fato que lhe acontecera alguns anos antes. Foi procurado em Cusco por um senhor idoso que queria ir a Machu Picchu como carregador. Jim resistiu, porque a tarefa já é pesada para os jovens, mas acabou cedendo à insistência daquele senhor, que desempenhou muito bem a tarefa. Ao ver a Intipunku, o homem esqueceu o cansaço e saiu correndo, ainda carregando a bagagem dos turistas. Parou na Porta do Sol, sentou-se e encolheu todo o corpo. Chorando, disse para Jim: "Olha, chefe, Machu Picchu tem luz!". Jim depois ficou sabendo que o velhinho era um bruxo, um xamã. Comentou que ficou emocionado e acrescentou: "O velhinho, para conhecer Machu Picchu e encontrar a profundidade de suas raízes, teve que se fazer de carregador. Chegou e encontrou a resposta à pergunta que ele tinha sempre em seu coração!"
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