Miss Simpatia

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Não sei se todo mundo que lê este blog me conhece pessoalmente. Mas sei que algumas pessoas que me conhecem passam de vez em quando por aqui.
E essas sabem que de vez em quando eu tenho um talento nato para ser a boazinha da turma. Sim, até meu nome é usado no diminutivo. Tudo bem que sou pequena, mas tenho certeza que não é só por isso. Eu realmente gosto do ser humano. Gosto de pessoas, gosto de conversar, e meu coração é um músculo imbecil o suficiente para se contorcer de pena de gente que nem sempre merece. Tá, só de escrever isso já me senti culpada o suficiente. Eu sou daquelas pessoas que sentem pena do bombom Caribe, abandonado da caixa porque ninguém gosta tanto assim dele. Eu choro de ver cachorro na rua e passo mal pela fome no mundo. Droga. Eu choro escrevendo no meu blog.
Mas o que se passa é que depois da famosa virada nos 30 anos de idade, quando senti que uma chave virou dentro de mim, tenho ficado perdida entre minha imagem e o que realmente sou.
É engraçado, eu não me sinto uma mulher de 30 anos que mora sozinha na cidade grande e com contas para pagar. Mas faço tudo isso.
Às vezes xingando, claro. Mas na maioria das vezes agradecendo por ter tomado - sempre - o caminho mais difícil.
Talvez eu seja a ovelha negra da família. Larguei o conforto de um lar estruturado para me jogar nas coisas em que acredito. Talvez alguém tenha orgulho de mim ("olha, ela é independente e antenada, tem um blog, tá no Twitter"). Talvez nem pensem que eu penso em tudo isso. Mas aos poucos também tenho procurado pensar menos e viver mais.
Bom, e tudo isso para dizer que fiquei muito tempo pensando nessa coisa de ser legal com todo mundo, a Miss Simpatia personificada mesmo. Sabe, a gente gasta muito latim com gente que nem percebe a nossa existência. Eu, por exemplo, tô aqui escrevendo no meu blog e sequer falei para a minha mãe hoje o quanto eu a amo. Não liguei para meu pai nem para meus irmãos no fim de semana. Mas respondi e-mails de pessoas que nunca vi.
Fico pensando em como vai ser quando eu estiver do outro lado. Aquele lado em que você sente que tudo parece mais importante e urgente do que o que realmente importa.

11 comentários:

Mayra disse...

compartilho algumas coisas com vc, e admito q quando nos aproximamos dos 30, (ou chegamos) ficamos bem mais exigentes com o resto do mundo. a bondade é uma virtude sim, mas a sensatez também é. bjus bailarina

Mari Hauer disse...

Ai ai ai... eu sou igualzinha! Assim, no diminutivo também. Eu me identifico muito com vc, talvez bem mais do que vc imagina!
Mas eu te admiro tanto! Pela bondade, pela gentileza, pelo sorriso amigo de sempre! Mas concordo com você que, na maioria das vezes, bonzinho só se fode!
Eu parei um pouco. Não de chorar, de derreter com um elogio, de pensar cor de rosa, de chorar com a miséria do mundo. Mas comecei a aprender a dizer NÃO. Não posso, não sei (ainda dói, sério!), não to com vontade (essa foi a glória!), não vou fazer por vc (primeiro euuu!).
Porque amiga, tem muito mais gente folgada no mundo do que pessoas que realmente precisam de ajuda!

Um beijo grande com saudades!

Indhiara disse...

Eu tenho orgulho de você, AnINHA.
E é pela sua indepêndencia, preocupação com os outros, coragem de se jogar no que acredita e também por se abrir para amizades tão distantes, se é que me entende.
=)
Do outro lado todo mundo fica um dia. É só uma questão de tempo, eu acho.

Indhiara disse...

Em tempo: eu sou doooida pra ter 30 anos!

SÓ TEM UMA disse...

"Hay que endurecerse, sin perder la ternura jamás"

Lucienne disse...

Oi,Ana. Acontece a mesma coisa comigo - e não me importaria se só as pessoas do círculo social (os amigos, a família) achassem que não é bom ser boazinha. O que me incomoda é no trabalho as pessoas reclamarem dizendo que sou uma chefe muito boazinha - oras, sou assim e não vou mudar! Eles que procurem uma bruxa como chefe então! Enfim, passei pra dizer pra vocÊ não mudar mesmo, porque se houvessem mais Anas pelo mundo ele seria muito melhor, e dizer que não me arrependo de todo o trabalho extra que ser assim nos dá - tipo me virar quase sozinha para montar nosso figurino do espetáculo do meio do ano - valeria só pela tranquilidade das meninas, já que ninguém podia fazer, isso sem falar na felicidade em dançarmos "La Premiere" lindas e maravilhosas! É isso, flor, não podemos ir contra a nossa essência. Vamos vivê-la na plenitude. Beijos!!! Lu

Reee | Renata Camara disse...

Admiro, sempre admirei você. Uma pessoa que faz a gente crer que nem tudo está perdido neste mundo.

beijus bailarina!

Patileide disse...

Nossa, quantos comentários e eu não fiz nem um?????
Primeiro: eu falo que odeio seres humanos mas na minha testa tá escrito "fala que eu te escuto".
Segundo: Pra mim você nunca foi nem nunca será Aninha.
Terceiro: Tenho muito orgulho de você, mas não é por nada do que foi escrito nem porque você ganha mais do que eu hahahahaha sou orgulhosa de você por uma caralhada de coisas que compensa falar ao vivo! Te amo amiga, mas odeio seres humanos hehehehe

Patileide disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Patileide disse...

Ah, liga pra mim, caralho!!! Ou vc não me ama mais?

Mari Hauer disse...

Oi Ana!

Eu sei que vc já leu esse texto, de uns bons anos atrás... mas eu estava relendo meus textos antigos e acabei de reler esse, que eu escrevi pra vc! Engraçado como sinto ter escrito ele logo após ter lido esse aqui no seu blog!
Está aí o link: http://pontovirgulaereticencias.wordpress.com/2006/11/22/para-ana/

Beijos e saudades!