Tarde da noite, depois de um dia inteiro de trabalho, ballet, ensaio.
Chego em casa doida por um banho, pijama, travesseiro. Entro no chuveiro e todo dia é sagrado: Miss Piggy me acompanha. Se não fechar a porta do box, a bicha se molha junto. Já chegou ao cúmulo de tomar banho com meu shampoo. Agora ela fica no tapetinho do banheiro, roendo qualquer coisa que estiver por perto (tipo chinelo, pote de creme ou escovinha de unha), e olhando fixamente para cada movimento que faço, desde me ensaboar, passar hidratante, perfume.
Já cheguei a pensar que ela queria ser eu. Como num filme bem bizarro de Sessão da Tarde, em que o lindo cãozinho, inconformado com sua condição de animal, falasse para os outros bichinhos, com uma vozinha fininha e dublada: “este corpo não me pertence, será que não percebem que eu não nasci para ficar correndo atrás do rabo?”.
Por isso, sem que ninguém me visse, joguei perfume e passei gloss nela. Os meus, o que é pior (e antes que a associação protetora dos animais ou a Luísa Mel me linchem, devo avisar que foi bem pouquinho, de longe, e uma vez só, porque ela estava olhando muito).
Mas nem assim. Miss Piggy continua com seu job preferido: olhar. Deve ser por isso que os pugs têm olhos tão grandes. Passam o dia brincando, dormindo ou fuçando a casa sem nunca deixar de ver o que você está fazendo. Parecem falar com os olhos, precisam constantemente de contato visual, ficam paradinhos esperando algum sinal seu – uma piscada que seja – para continuar vivendo suas vidinhas felizes.
É por isso que eu me sinto no melhor Big Brother do mundo: onde não há gente jogando, não existe nenhum paredão e onde as câmeras uma hora se cansam e procuram seu colinho para dormir o melhor dos sonos.
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