Quando menos é mais

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Vou aproveitar o tempinho entre os anúncios para fazer deste post um momento cultural, mas sem ser chato.
Fato: todo o mundo deveria assistir Dogville. Para que nunca ouviu falar, o filme conta a história de Grace, uma moça que foge de mafiosos e vai parar na pequenina cidade que dá nome ao filme. Só que quando ela aparece, os moradores ficam assustados com a sua presença e resolvem fazer uma reunião para decidir seu destino. Combinam, então que ela pode ficar, desde que faça alguns favores em troca. No começo, é tudo maravilhoso, mas com o desenrolar da trama, Grace acaba provocando sentimentos confusos e desperta algumas atitudes monstruosas nos moradores.
Mas o mais legal de tudo é o cenário. Ou a falta dele. Lars von Trier, o diretor, usa um galpão com o mínimo de cenário e objetos de cena possíveis - um exercício Bretchiano. As casas são todas definidas por marcas no chão e não há fundo falso - apenas um excelente e criativo projeto de iluminação e sons provindos de portas que não existem e cachorros que resumem-se a um contorno de giz no chão.
É um filme que precisa muito da nossa participação. Temos que "ver" as coisas sem que elas estejam ali, o que lembra muito o exercício da leitura, mais rico e denso.
Por trás disso tudo, o filme é uma crítica às políticas dos países chamados desenvolvidos. Porque mostra que nem tudo são flores quando nos aproximamos deles.
Claro que não vou contar o final aqui. Mas se você, como eu, gostar, vai poder dividir comigo a sensação de ser um monstro também.

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