Lolita

|
"(...) nenhum de nós dois estará vivo quando o leitor abrir este livro. Mas, enquanto o sangue ainda pulsa nesta mão com que escrevo, você faz parte, como eu, da bendita matéria universal, e daqui posso te alcançar nas lonjuras do Alasca. Seja fiel a teu Dick. Não deixe que nenhum outro homem te toque. Não fale com estranhos. Espero que você ame seu bebê. Espero que seja um menino. Esse teu marido, assim espero, sempre te tratará bem, porque, se não, meu fantasma o atacará como uma nuvem de negra fumaça, como um gigante insano, e o destroçará nervo por nervo. E não tenha pena do C. Q. Era preciso escolher entre ele e H. H., e era desejável que H. H. existisse pelo menos alguns meses a mais a fim de que você pudesse viver para sempre nas mentes das futuras gerações. Estou pensando em bisões extintos e anjos, no mistério dos pigmentos duradouros, nos sonetos proféticos, no refúgio da arte. Porque essa é a única imortalidade que você e eu podemos partilhar, minha Lolita."

Comecei a ler o romance de Vladimir Nabokov por causa desse final. Alguns críticos literários comparam o autor a Flaubert, pela capacidade de penetração psicológica e pela técnica perfeita na narrativa.
Para quem achava que esse era um livro sobre o escândalo de um relacionamento entre um homem na meia idade e uma menina, estou surpresa. Há muito mais no amor do que o próprio amor.

0 comentários: