A Janela do Mundo

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Era uma mulher doente. Vivia na cama à espera de alguém que lhe trouxesse comida. Não tinha nada, nem ninguém.
Seu quarto consistia numa cama com um criado-mudo e uma janela. A janela era seu universo, o criado-mudo, seu amigo e a cama já era parte de si mesma.
Todos os dias ela olhava para seu universo com quem assiste a um filme. Entendia da vida como ninguém e no entanto não havia nenhuma pessoa para ouvi-la. Só o seu criado. Mudo.
Entendia que alguma coisa lá fora a fazia abrir os olhos a cada manhã. E fechá-los quando a lua se confundia com os sonhos. Entendia que uma força maior lhe dava esperança. Não de viver por muito tempo, mas de ter para sempre a sua janela-universo.
Entendia que haveria muitos amanheceres, muitos sóis e todas as luas do mundo! Entendia e pequenez de sua alma e contudo era feliz.
Absorta nesses pensamentos, cerrou os olhos e simplesmente morreu.

Mel, escrevi esse texto quando tinha 17 anos. Era uma época em que eu comecei a enxergar a beleza que há nas coisas tristes e nos dias cinzentos como hoje.
Um beijão grandão para você.
E que sua filhota, a pedra, te deixe em paz!

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